A perseguição ao Flow Podcast continua, mesmo após o desligamento do youtuber Monark no começo de fevereiro. Na última sexta-feira, dia 25, seu ex-sócio Igor 3K revelou parte dos bastidores da maratona para tentar manter o podcast em plena atividade no YouTube, colocando ainda que outras informações serão divulgadas num futuro próximo.
Mesmo cedendo, Flow seguiu sob ataques
Igor contou que recebeu email do YouTube uma semana após o episódio onde Monark defendeu um princípio democrático, exemplificando com o caso hipotético da regulamentação de um partido nazista no Brasil, o que lhe rendeu um linchamento virtual nas redes sociais e nos monopólios da comunicação, como a Globo.
O email avisava que o Flow Podcast estava sendo “desmonetizado”, ou seja, que nos vídeos do canal não seriam incluídos anúncios publicitários, fator que reduz tanto o faturamento quanto o alcance dos conteúdos produzidos pelo Flow. Apesar de apresentar alguns critérios para considerar um vídeo “pouco apropriado para anunciantes”, na prática, eles são vagos e dão brechas para a marginalização arbitrária de canais.
Apesar do email dar um prazo de 24 horas para a defesa, antes disso o YouTube já estava enviando notas para portais de notícias informando sobre a “desmonetização” do podcast. A defesa enviada no prazo foi ignorada e a “desmonetização” ocorreu durante uma transmissão ao vivo do Flow. Igor explicou que esse mecanismo derrubou pela metade a audiência das transmissões.
Outro fato destacado é que o ataque não atingiu apenas o canal do Flow Podcast, mas outros seis ligados à mesma pequena empresa, como Cortes do Flow, Flow Poop, Aquele Flau, Flow Sport Club, Cortes do Flow Sport Club e Flow Sport Poop. Os três últimos não contavam nem com a participação direta do “cancelado” Monark. Mesmo aceitando as punições ao Flow Podcast, Igor tentou discutir a situação dos outros canais e foi ignorado pela gigantesca plataforma.
Após o prazo de 30 dias que deveria durar a “desmonetização” segundo o próprio YouTube, os pedidos para normalização da situação foram ignorados durante, pelo menos, a semana passada. O apresentador relatou para exemplificar a marginalização imposta ao podcast que ao acessar o YouTube por uma aba anônima no navegador o Flow simplesmente não aparece, ao contrário de outros podcasts.
A inquisição identitária e os monopólios capitalistas
Uma coisa que já ficou bastante clara para um amplo público é que nessa inquisição moderna, assim como na Idade Média, o fato de ser acusado já resulta numa condenação sumária, independentemente dos fatos concretos ou do que a pessoa faça para tentar se retratar do seu “crime”. Durante o tenebroso episódio da “Santa Inquisição” a única forma de interromper as horríveis e até bizarras torturas era confessando o que os inquisidores da Igreja Católica quisessem. O prêmio era finalmente ir para a fogueira, uma tortura que pelo menos tinha prazo para terminar.
Atualmente são recorrentes os casos de figuras públicas “canceladas” por emitirem alguma opinião ou até fazerem uso de algum termo “proibido” que seguem uma lógica parecida. A pessoa é pressionada a admitir um erro, a contrariar o que ela própria teria afirmado e isso não vale de nada, não interrompe a Via Crucis do “cancelado”.
Enquanto os identitários se iludem com uma falsa sensação de poder, quem tem o poder de “cancelar” são apenas os monopólios capitalistas, os mesmos que patrocinam essa ideologia. O caso Monark nunca foi sobre nazismo, foi apenas uma oportunidade para derrubar um veículo independente com enorme audiência e manter aceso o clima de perseguição ideológica nas redes sociais. O recado é claro, não se pode falar o que se pensa, é obrigatório filtrar as próprias ideias, impondo uma autocensura, algo comum nos regimes políticos ditatoriais.
Setores da esquerda que vibraram com o “cancelamento” de Monark, sob a bandeira do “combate ao fascismo”, que apoiaram o cancelamento do carnaval e a perseguição a figuras pequenas da extrema-direita, agora experimentam a censura desenfreada contra os apoios espontâneos à candidatura Lula.
E adivinhem justamente quem fica isento dessa fogueira moderna? Os monopólios da comunicação, aqueles que não divulgam “fake news”, mas mentem o tempo inteiro. A Globo, por exemplo, já manipulou abertamente processos eleitorais, caluniou uma enorme quantidade de pessoas e exaltou verdadeiras barbaridades como os bombardeios norte-americanos na Guerra do Golfo. Atualmente, quase que a totalidade da imprensa mundial faz campanha aberta em defesa de um governo que se apoia em milícias nazistas. Nazistas reais, de carne e osso, têm sido exaltados pelos monopólios da comunicação.
Os maiores inimigos da liberdade de expressão são esses monopólios, que reservam para si mesmos o poder de decidir o que é verdade e o que é mentira. E essa decisão obviamente ignora a realidade concreta, obedecendo aos interesses desses grupos econômicos. No caso do YouTube, vale a leitura do livro A Era da Censura das Massas, escrito por Rui Costa Pimenta e João Caproni Pimenta. O que ocorreu agora com o canal do Flow Podcast foi sentido por diversos canais considerados progressistas ainda em 2016 e o livro apresenta uma série de informações sobre esse fato.