A deputada federal Marília Arraes, até então filiada ao Partido dos Trabalhadores, anunciou publicamente o seu ingresso no partido Solidariedade, um dos muitos partidos burgueses que atuaram em favor do golpe de Estado de 2016. O anúncio contou com a presença de Paulinho da Força, o cacique-mor do partido.
Embora o movimento seja uma guinada direitista e oportunista, a saída de Marília Arraes é resultado de uma profunda crise interna no interior do PT. Identificada com setores da ala lulista do PT em Pernambuco, Marília Arraes vinha sendo combatida, desde, pelo menos, 2018, por uma ala muito direitista do partido, que quer submeter o PT ao PSB. O principal líder dessa ala é o senador Humberto Costa, maior defensor dessa política.
A saída de Marília Arraes é mais um capítulo de um grande enfrentamento no interior do PT entre aqueles que querem utilizar o partido como um instrumento de luta contra a direita e aqueles que o querem utilizar para galgar cargos públicos. Desde o momento em que aceitou a imposição da candidatura do PSB ao governo do estado em 2018 e, em um acordo envergonhado, elegeu-se deputada federal, Marília Arraes vinha perdendo prestígio junto às alas mais radicais do partido.
Agora, com sua completa desmoralização, os setores lulistas e anti-PSB no PT encontram-se, momentaneamente, sem uma figura capaz de unificar um movimento contra a política ultra-oportunista de Humberto Costa.