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Em busca da "governabilidade"

Em 1950, Getúlio Vargas também errou ao escolher seus aliados

Esforço para compor um governo com elementos da direita e da esquerda da burguesia não impediu que "aliados" se voltassem contra Vargas e trabalhassem para derrubá-lo

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Nesse momento, há uma contradição na campanha de Lula. O ex-presidente tem apresentado um discurso mais radical, mais nacionalista e mais à esquerda. Ao mesmo tempo, o próprio Lula e o PT buscam aliados entre a burguesia, como é o caso de Geraldo Alckmin, que ainda não se filiou a nenhum partido, mas que é um nome cogitado para vice de Lula.

A ideia dos dirigentes petistas é típica dos partidos reformistas: a aliança com a burguesia e setores da direita seria necessária para garantir um apoio no Congresso Nacional e garantir que um eventual governo Lula possa colocar em prática seu plano de governo. Essa política não é novidade. No Brasil, ela foi feita por Vagas em 1950.

Getúlio Vargas foi eleito presidente pelo PTB, um partido burguês, mas esquerdista na época. Um partido parecido com o PT no aspecto de sua ligação com os sindicatos e também minoritário no Congresso Nacional. Vargas fez uma aliança com o PSD, que era um partido que havia sido criado também por ele quando saiu do governo após o Estado Novo.

Vargas tomou a iniciativa de criar dois partidos. O setor mais direitista de sua base, que se encontrava na burocracia estatal, mais ligado à burguesia, entrou para o PSD. O setor mais esquerdista, como os sindicalistas, entrou no PTB, ao qual ele se filiou.

Quando começa a crise do golpe, os políticos do PTB ficaram ao lado do governo, mas eles eram minoria. Um pouco antes do golpe, o ministro do Trabalho propôs um aumento de 100% no salário mínimo, o que levou a burguesia ao delírio.

Os ministros do PSD, pressionados pela burguesia golpista, procuravam frear e sabotar o governo a todo o momento. E o governo não podia passar por cima deles, pois eles tinham maioria no Congresso e se rompessem com eles a situação estaria totalmente perdida.

Para se ter uma ideia de como era essa relação, os ministros do PSD, inclusive o próprio Tancredo Neves, queriam fazer com que Vargas renunciasse, coisa que ele não aceitou, afirmando que “daqui eu só saio morto”, como de fato acabou acontecendo.

É assim que funciona: enquanto tudo correr bem, os aliados burgueses do PT vão ser um obstáculo, vão ser um freio, vão impedir que o PT faça as coisas que ele quer fazer. Mas quando as coisas estiverem indo mal, esses aliados serão os primeiros a romper com o governo. Coisa que aconteceu também no governo Dilma.

Os aliados direitistas do PT podem até conhecer o programa de Lula, mas eles não concordam com esse programa e nada garante que eles vão apoiar esse programa.

Eles podem no máximo ficar quietos se a coisa estiver indo bem, como fez José de Alencar. Enquanto as coisas vão bem, os aliados da direita não têm porque brigar, mas na hora que as coisas andarem mal,  será visto como um grande problema. Mesmo nos melhores momentos, esses aliados direitistas serão um entrave à realização de qualquer plano de governo.

É curioso que Lula repita o que o Vargas fez em 1950. É bom servir de alerta que o governo Vargas terminou num golpe de Estado. Essa experiência histórica deve ser vista e compreendida, pois o PT está seguindo o mesmo caminho.

A melhor política nesse momento, a mais adequada para a política de conciliação do PT seria montar uma frente da esquerda e conseguir aliados para questões pontuais dentro do Congresso. A aliança com esses setores direitistas não vai servir para que dar “governabilidade” para o PT, como quer fazer crer a direção do partido, mas será um entrave para o governo.

O correto é ter um governo que realmente atraia as massas populares, colocando-as nas ruas para pressionar a direita. A mobilização é a garantia que o PT tem de governar. É preciso de um governo que se apoie nas massas e suas reivindicações.

Sem isso, ou um eventual governo do PT não fará nada, ou, se fizer, haverá briga pois a burguesia não quer permitir. Para essa briga, só mesmo as massas mobilizadas têm condições de enfrentar a burguesia.

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