Contra Bolsonaro, o candidato da burguesia, os explorados do País têm de ir às ruas para garantir a vitória de Lula no dia de hoje. A eleição está indefinida, não dá para confiar nas pesquisas eleitorais que já demonstraram serem instrumentos de manipulação das eleições. Portanto, está nas mãos do povo explorado, pela sua mobilização, dar um primeiro passo para impor uma derrota ao golpe.
Existe a possibilidade da vitória, ainda que não seja certa. Em vários momentos, porém, ela também existiu e acabou não “vingando” por ausência da mobilização. Se o PT e a esquerda de conjunto tivessem reagido antes, era possível que o governo Bolsonaro não existisse. Nas eleições de 2018, por exemplo, se o PT tivesse sustentado a candidatura de Lula e não tivesse se submetido às arbitrariedades do STF, as eleições poderiam ter sido colocadas em xeque e o governo atual teria muito mais dificuldade de se consolidar.
Logo após a eleição ilegítima de Bolsonaro, também era possível levar adiante uma gigantesca mobilização para pedir por sua derrubada, o que estava na ordem do dia, já que era evidente para todos que as eleições de 2018 haviam sido fraudadas e era preciso dar o mandato para quem o merecia por direito.
No momento atual, a arena em que está colocada a luta política são as eleições presidenciais. Nesse sentido, uma possível eleição de Lula seria um passo importante, mas seria apenas um primeiro passo. Tem muito por se fazer e isso não vai depender simplesmente de Lula. As eleições seriam uma vitória importante, mas os golpistas não irão desistir tão facilmente.
O regime político montado pelo golpe, embora em crise, não foi destruído. A desagregação da direita – o chamado centro político do país, composto pelo PSDB, MDB, o antigo DEM – é uma demonstração da polarização política que ocorre no Brasil. Essa questão é fundamental para se entender o que é preciso fazer. Após as eleições, seja lá qual for o resultado, a burguesia irá buscar estabelecer um regime de paz social.
A ausência de polarização política ou a chamada “paz social”, significaria o absoluto controle da burguesia sobre a classe operária, ou seja, uma ditadura. Ao contrário, quanto mais polarizado o país, maior é a instabilidade política, portanto mais fraco é o domínio da burguesia sobre o povo. É por isso que se deve manter o povo mobilizado, seja para combater um segundo governo Bolsonaro ou para impedir que os golpistas dominem e até derrubem um eventual governo Lula.
O objetivo do golpe era e continua sendo o de estabelecer uma situação de estabilidade. Por um momento, os golpistas acreditaram que poderiam alcançar esse objetivo com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a posterior perseguição e prisão de Lula. O tiro saiu pela culatra e o resultado mais visível foi o desmoronamento do “centro político”, os “pais” do golpe de 2016. Diante da crise política, os golpistas não tiveram alternativa senão recorrer à extrema direita. Agora, com a possível vitória de Lula terão que manobrar com a nova situação. Em todo caso, não se pode perder de vista que o imperialismo, o setor fundamental do golpe, não mudou seus planos. Vão buscar enquadrar Lula e se não for possível, não podemos ter dúvida que vão buscar inviabilizar seu governo.
É por isso que o problema fundamental na próxima etapa política é a mobilização popular, como o único caminho possível para efetivamente reverter a política anti-povo estabelecida pelo golpe de 2016. Isso significa, entre muitos outros pontos, a mobilização na luta contra a privatização, pelo reajuste do salário-mínimo, a defesa do petróleo, da Eletrobras estatal, de uma política voltada para o atendimento das necessidades do povo.
Por isso, é preciso lutar para eleger Lula hoje, para fazer avançar a luta dos trabalhadores. Mas sendo Lula eleito ou não, é preciso manter o povo nas ruas e combater a investida golpista da direita que, inevitavelmente, voltará com tudo no próximo período.
