Desde que Lula adotou uma postura mais agressiva em relação à sua política econômica, demonstrando que não governará para os capitalistas, mas sim, para os trabalhadores, o “mercado” (apelido para a burguesia mais atrelada ao capital financeiro) vem atacando Lula cada vez mais. Após declarar no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, que iria priorizar os investimentos sociais sobre o teto de gastos, os banqueiros foram à loucura, anunciando queda significativa na Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira.
Ao mesmo tempo, ingressou em uma dura campanha na imprensa burguesa justamente para pressionar Lula a adotar uma política direitista no que diz respeito à economia. Afinal, a burguesia já perdeu quando Lula foi eleito e, portanto, não pode permitir ainda mais uma derrota em decorrência de um posicionamento econômico progressista por parte do presidente eleito. Nesse sentido, vem utilizando a sua principal arma – os jornais – para manipular a situação política ao seu favor e, acima disso, chantagear Lula para que jogue conforme as suas regras.
Todavia, esses ataques tem se intensificado tanto em volume, como também em conteúdo. A burguesia, percebendo que sua influência sobre a administração do petista não atinge os níveis almejados, está muito mais agressiva com Lula, algo que demonstra uma grande preocupação por parte da direita acerca dos rumos que o próximo governo deve tomar.
Nos últimos dois dias, praticamente toda a edição da Folha de S. Paulo, do Estadão, do Globo e da Veja deram destaque a essa questão. Somando as contribuições de todos esses jornais, vemos que são dezenas de artigos encomendados e publicados com apenas um propósito: pressionar o governo Lula.
A Folha publicou, por exemplo, na última terça-feira (15), três artigos que chamam a atenção no que diz respeito à caracterização da postura que a burguesia está tomando neste momento. Em um deles, reproduz as falas de Henrique Meirelles, vampiro capitalista que “estava sendo cotado” (segundo fofocas da imprensa burguesa que ele próprio desmentiu) para o Ministério da Economia de Lula.
“Tem que se ter uma âncora, tem que ter um teto. O limite tem que ser claro porque, caso contrário, o País pode e corre o risco sério de voltar a um clima de recessão”, disse Meirelles durante a conferência Lide Brazil, em Nova York.
Já outro artigo, intitulado “Equipe de transição insiste em R$ 175 bi do Bolsa Família fora do teto por prazo indefinido”, critica a “gastança” prevista pelo governo Lula, afirmando que é algo que preocupa e muito a burguesia por meio da Ibovespa e afins. Ademais, outro texto do mesmo jornal (“Por que irresponsabilidade fiscal é uma péssima política social?”) tenta argumentar que a responsabilidade fiscal, ou seja, a responsabilidade com os interesses dos banqueiros, seria o caminho correto para solucionar o problema da pobreza no País. Algo completamente absurdo.
“Aguardemos as cenas dos próximos capítulos. Enquanto isso, com a indefinição, seguiremos com instabilidade”, ameaça o jornal como se transmitisse uma mensagem gravada diretamente de uma reunião da Faria Lima.
A pressão por meio da Bolsa de Valores, inclusive, também continua. A Folha, como se já não fosse suficiente, publicou mais um artigo intitulado “Bolsa aprofunda queda ante temores sobre gastos da gestão Lula”, batendo, mais uma vez, o martelo em seu posicionamento de que uma política esquerdista de Lula representa um verdadeiro desastre ao “mercado”.
Já a Veja reproduziu um alerta do presidente do Banco Central acerca da situação econômica em 2023. Segundo a revista, “Isso pode ser entendido como um alerta ao novo governo”, um juízo de valor que serve, efetivamente, para a campanha política que a imprensa procura fazer. Enquanto isso, o Estadão, por meio de coluna de Fábio Alves, afirma que o “Discurso de Lula só teve efeito negativo entre os investidores até agora”.
“Já em relação ao novo ministro da Fazenda, o temor é de que o escolhido reforce a percepção de uma política econômica menos compromissada com uma postura fiscal conservadora. Com base nos nomes que integram a equipe de transição, como os dos ex-ministros Nelson Barbosa e Guido Mantega, o mercado poderá ter mais com que se lamentar à frente”, reforça o colunista em uma campanha aberta contra os setores mais progressistas dentro da equipe de Lula.
Em suma, fica evidente que a burguesia não vai desistir tão cedo em atacar o governo Lula – que, diga-se de passagem, nem mesmo tomou posse. A crise do imperialismo tampouco cessou e, por conseguinte, a burguesia brasileira não pode impedir que Lula, ao lado dos trabalhadores, derrote os seus planos que, até o momento, resumiram-se em destruir todo e qualquer direito do povo.
Os exemplos citados mostram como a burguesia está se tornando cada vez mais agressiva, surgindo, inclusive, indicações de “possíveis” esquemas de corrupção por parte de Lula. Uma armadilha aos moldes das operações farsescas do Mensalão e da Lava Jato. Torna-se cada vez mais desesperada e, tal qual um animal ferido, mas não morto, tende a atacar com cada vez mais veemência aqueles que se colocarem no seu caminho.
Portanto, é imprescindível que a mobilização popular não só continue como se intensifique. O povo trabalhador deve ser linha de frente na derrota da burguesia e na garantia de um governo Lula que verdadeiramente represente os interesses da classe operária. Essa é a única maneira de derrotar o golpe no Brasil de uma vez por todas.