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Análise da Semana

É preciso disputar os votos no corpo a corpo

Rui Costa Pimenta fez uma análise muito detalhada do problema das eleições, passando pelas manipulação das pesquisas, até a necessidade da militância nas ruas para conquistar votos

Análise da Semana

Neste sábado, 22, o companheiro Rui Costa Pimenta fez em sua análise política um raio-X do que tem sido a campanha eleitoral. Bem como apresentou propostas concretas para que se possa conquistar e reverter votos em favor da candidatura Lula.

No início, mostrou a questão da imprensa que colocou Bolsonaro se aproximando de Lula e que não podemos acreditar nas pesquisas porque elas são altamente manipuláveis e, de fato, manipuladas.

Rui disse que foi um tanto ridículo vermos parte da imprensa defendendo os institutos de pesquisa que erram por uma margem muito grande a contagem de votos. Isso se deveu, na realidade, porque o ‘erro’ era favorável a Lula. O que não passa de uma ilusão de óptica, pois a manipulação das pesquisas é algo mais sofisticado.

O senso comum espera que setores da sociedade escolham um candidato e façam campanha para ele do começo ao fim, mas não é assim que as coisas funcionam. Posições podem ser alteradas de acordo com o andamento da situação. O jogo de manipulação das eleições, nesse sentido, é bastante complexo.

Vimos, no início, setores importantíssimos da burguesia, grandes capitalistas e os banqueiros, apoiando um candidato de terceira via, e para viabilizá-lo precisavam tentar conter o arranque o bolsonarismo.

O resultado das eleições evidenciou também que a burguesia tem uma interpretação própria das tendências eleitorais e sabiam também dos efeitos das ações do Bolsonaro estavam provocando nas intenções de voto. E um ponto decisivo nas eleições foi, com o apoio da esquerda, Bolsonaro aprovar o Estado de Emergência e uma série de medidas de gastos estatais de caráter social, algo em torno de R$ 50 bilhões. Há uma estimativa, não se sabe ao certo, de que o gasto total possa chegar a R$ 300 bilhões. É óbvio que se for despejada essa quantia em determinados momento, isso vai influenciar na disputa.

O sismógrafo eleitoral, no entanto, não se mexeu, o que é um absurdo, pois todo esse dinheiro tendeu a balança fortemente para o lado de Bolsonaro. A terceira via não aconteceu porque o lançamento de um candidato, com as condições que Bolsonaro conquistou, dividiria votos com Lula e poderia resultar em uma vitória avassaladora do bolsonarismo no primeiro turno, o que fez a burguesia recuar da terceira via.

Mudança de atitude

O posicionamento da burguesia no segundo turno, diferentemente do que se espera, não é igual ao do primeiro. De início, estavam todos contra Bolsonaro, basta ver as estrepolias jurídicas de Alexandre de Moraes e os ataques duríssimos da imprensa contra o atual presidente. O normal era se esperava que continuassem assim. No segundo turno, no entanto, a esmagadora maioria da burguesia começa a se aglutinar claramente em torno da candidatura de Bolsonaro. As críticas diminuem, mudam de tom, e Lula passa também a ser criticado.

O erro da campanha de Lula foi não ter preparado o embate para o segundo turno das eleições que, como estamos vendo, seria duríssimo. Foi uma campanha de salto alto e agora tiveram que mudar sua orientação. Felizmente, Lula chutou isso para cima e foi para o meio da multidão

A campanha está bem mais combativa. Lula disse que aumentará o auxílio para R$ 600 reais e dará mais R$ 150 por dependente. Contanto que cada família tem em média dois dependentes, se chegaria facilmente a quase um salário-mínimo, coisa que estamos defendendo desde o começo da pandemia.

É uma guinada à esquerda o que aconteceu, mas ainda é preciso aprofundar o trabalho nas ruas. Da parte do bolsonarismo há uma mobilização de caráter patronal, nas igrejas evangélicas, não de rua. E do lado de Lula está a população pobre e trabalhadora

Polarização

Trabalhadores de um lado e patrões de outro, esse é o caráter fundamental do momento. A polarização está dividindo o País, não em regiões geográficas, ou entre civilizados e não civilizados, como tentam dizer, mas entre a burguesia de um lado e a classe trabalhadora de outro.

O problema da campanha do PT é não demonstrar com clareza, com ideias e ações, a verdadeira natureza dessa polarização. A questão do auxílio, por exemplo, é uma forma de trabalhar essa divisão social cada vez mais antagônica.

Existe uma grande tendência de mobilização à esquerda, Lula faz de três a quatro atos por dia arrastando grandes multidões. O lado negativo, que tira o caráter dessa tendência, é darem espaço para figuras sem apelo popular e que até tiram voto, tais como Márcio França, Geraldo Alckmin e Simone Tebet.

Essa gente é um verdadeiro lixo político que nesse momento não têm um apoio real da burguesia. No futuro, porém, poderão vestir a máscara de democráticos, de políticos que lutaram pela democracia contra o bolsonarismo. Essa direita sanguessuga vai tentar aparecer no momento oportuno como substitutos do PT no combate à direita.

Lula está catando lixo político e reciclando. Tebet não acrescenta nada, mas Lula, para ela, sim. Que se utiliza da popularidade de Lula para esconder que é uma latifundiária e que atua contra o povo. Prova disso é que faz campanha em qualquer lugar, menos no próprio estado. Além de não ajudar, Simone Tebet até atrapalha, foi ela que deu a genial sugestão para que as pessoas compareçam de branco nas manifestações. O lado bom é que os atos estão totalmente vermelhas, ninguém caiu nessa arapuca de se disfarçar de direita para ganhar votos.

Um outro dado apresentado por Rui, é que os burgueses que aparecem na campanha de Lula não estão colocando dinheiro na campanha, que é fundamental, dão apenas uma espécie de ‘apoio moral’. Nem os acionistas do Itaú votarão no petista.

Coerção patronal

O feroz Alexandre de Moraes, do TSE, virou um cachorrinho de madame, neste segundo turno, o que demonstra que se trata de uma operação em favor de Bolsonaro. É um golpe dado pela burguesia com auxílio de seus fiéis servidores, como as instituições do Estado.

O STF por exemplo, liberou que governos organizem transporte gratuito para o dia da votação, o mapa de onde já foi acertada essa medida mostra que, na maioria dos casos, são redutos bolsonaristas. O certo seria que todos ou nenhum município provesse o transporte gratuito.

Não bastasse isso, chega a quase mil o número de denúncias de empresas ameaçando empregados e querendo obrigá-los a votar em Bolsonaro. E o super ‘Xandão’, até agora, não prendeu ninguém. Antes do segundo turno, chegou a mandar invadir a casa de alguns empresários. Desta vez, a história é bem outra.

Campanha nas ruas

É preciso disputar os votos no corpo a corpo. Não podemos nos dar por vencidos, pois o voto do trabalhador é o voto tradicional da esquerda.

Nessa reta final da campanha, deve-se enfatizar as questões essenciais. Por exemplo, que não vai ter privatização, que Lula vai reverter as que já foram feitas. Não se sabe porque o PT não fala isso. Nos Correios, deveria ter sido feita uma campanha dizendo que com “Lula eleito os Correios não serão privatizados e ponto final”.

Lula tem que falar do auxílio, de assentamentos de famílias no campo; apresentar um programa prático, concreto, para conquistar o apoio dos trabalhadores. É claro que não adianta colocar medidas concretas se você não for feita a denúncia política, que é o que mobiliza as pessoas para um determinado objetivo.

Lula deve comparecer aos debates na TV, a audiência é enorme. Enquanto isso, a militância tem que ir para as ruas entregar os panfletos. Ao contrário do que muitos dizem, o panfleto não é uma arma antiquada, é uma maneira de se aproximar das pessoas e fazer um trabalho de convencimento.

É possível desempatar esse jogo e vencer.

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