No primeiro turno das eleições, alguns dos falsos aliados de Lula, que participaram do golpe de Estado que derrubou Dilma Rousseff e de toda a armação que levou à sua condenação e prisão ilegais, impuseram uma campanha com o povo distante, com atos com cercas, catracas, longos discursos de políticos demagogos e todo tipo de restrição à participação popular.
A “fórmula” mágica, que se mostrou um fracasso, era a de que a aliança com setores da direita (que não tem voto e, por isso, procuraram se escorar no prestígio de Lula) seria o caminho para o êxito. Uma situação que restringiu a mobilização popular em torno de Lula, enquanto a direita bolsonarista não só procurava ampliar o apoio popular à Bolsonaro, com grandes atos, como os que foram vistos no 7 de setembro, mas também procurando atacar Lula e a esquerda pro conta dos seus “aliados” da direita, os mesmo que ajudaram a eleger Bolsonaro em 2018, depois de terem derrubado Dilma e prendido Lula.
Esses aproveitadores, que se apóiam em Lula para obter vantagens, impuseram alianças que não acrescentaram nada e só fizeram Lula carregar “zumbis” políticos rejeitados pelo povo, facilitando que Bolsonaro e sua corja ganhassem as eleições na maioria dos estados e para o Congresso Nacional.
“Conselhos” para a derrota
Agora, apesar de não ganharem uma única eleição nacional há 20 anos, esses espertalhões tentam, mesmo diante do seu novo fracasso – o da terceira via – dizer que propostas o candidato dos trabalhadores deve apresentar e até a cor que a campanha deve usar.
Querem a campanha de Lula distantes dos principais problemas do povo. Por isso, junto com a imprensa golpista, criticam quando Lula fala de acabar com o teto de gastos, por fim às privatizações, revogar as reformas feitas pelos governos de Temer e Bolsonaro.
Fracassados e rejeitados pelo povo como Simone Tebet (MDB), o PDT de Ciro Gomes, o PSB de Alckmin etc. querem conter a onda combativa de mobilização que tende a se levantar na defesa da candidatura de Lula e das reivindicações populares. Por isso, entre outras coisas, propõem que a campanha não use o vermelho, a cor da luta dos trabalhadores, que lembra o seu sofrimento e seu combate à exploração dos capitalistas, da direita, e passem a usar o branco.
Dialogar com os trabalhadores
É preciso abandonar os setores que trabalham ativamente para levar a campanha de Lula para a direita e multiplicar as iniciativas que levaram a campanha para o meio do povo trabalhador. Fazer como em São Bernardo do Campo, Campinas, Salvador, Belo Horizonte, Complexo do Alemão, Salvador, Recife etc., quando o povo pintou as ruas de vermelho e expressou o sentimento de revolta e de desejo de mudança que Lula encarna e lidera.
Isso tem que ser repetido nos bairros operários, nos terminais de ônibus e estações de trem e de metrô etc. em uma gigantesca mobilização popular.
É fundamental e pode ser decisivo para conquistar o voto de uma parcela que não votou ou que, confusa, apoiou o atual carrasco do povo, partir para o corpo-a-corpo, de casa em casa, dialogando com os vizinhos e colegas de trabalho, sobre o que está em jogo nessas eleições e na luta que está por vir.
Essa atividade de discussão, de esclarecimento, de porta em porta nos bairros populares, deve substituir a campanha de ofensas e ataques morais aos apoiadores de Bolsonaro que em nada ajudam no sentido da aproximação de parcelas da população que se sentem desnorteadas diante das iniciativas dos bolsonaristas e da confusão politica de setores da esquerda que têm como centro o tratamento de questões secundárias que buscam criar um divisão entre os trabalhadores e não unificá-los na luta contra Bolsonaro e toda a direita.
O que está em jogo com Lula x Bolsonaro
No trabalho nos bairros, junto ao povo, é preciso não apenas discursar, fazer agitação. É preciso, acima de tudo, buscar dialogar com os trabalhadores, a partir de questões fundamentais que ficam respeito à sua vida e à realidade que lhe atinge.
EM uma linguagem simples, é preciso esclarecer que embora nenhum governo burguês vai salvar o povo das mazelas do capitalismo, o que só pode resultar da luta revolucionária do povo para acabar com a exploração, um governo eleito sob bases populares, pode se basear na classe trabalhadora mobilizada, com suas entidades e organizações sociais, de classe, para impor suas reivindicações diante da burguesia e de um Congresso reacionário.
O que está em jogo nestas eleições, não é a suposta moral e os “bons costumes” que setores da direta e da esquerda procuram importa o povo, mas a sobrevivência, direitos e soberania nacional.
Destacamos a seguir alguns tema centrais que podem ser levantados:
Salário e emprego x fome
É preciso esclarecer que em um governo de Lula, junto com a luta dos sindicatos e dos trabalhadores de um modo geral, criam-se as melhores condições para a luta por reajuste de salário para garantir o poder de compra dos trabalhadores, para que se aplique uma política de geração de emprego, com redução da jornada e plano de obras públicas, garantia de auxílio a desempregados, que não seja com prazo de validade para as eleições, como está fazendo Bolsonaro com o auxílio emergencial. A vitória de Lula cria cria também uma base melhor para a luta por restabelecer os direitos retirados da CLT, nos governos de Temer e Bolsonaro.
Terra
No Brasil, latifundiários esmagam camponeses pobres e indígenas, e não é para produzir alimentos e matar a fome dos brasileiros, mas para defender seus lucros com a exportação etc. Bolsonaro é apoiado pelos setores mais reacionários do latinfúndio e do agronegócio, os mesmo que massacram os sem terras e indígenas. A vitoria de Lula pode incitar um novo ânimo na luta dos trabalhadores do campo e da cidade pela reforma agrária, para garantir terra para quem nela trabalha e pelo fim dos massacres de trabalhadores e indígenas em todo o País. Inclusive, por meio da organização da necessária autodefesa desses setores.
Petróleo, privatizações
Bolsonaro, seguindo a cartilha do grande capital internacional privatizou a Eletrobrás. Um patrimônio gigantesco entregue a estrangeiros que fazem o povo amargar com um serviço de péssima qualidade e contas altíssimas. O mesmo acontece com o petróleo. A intervenção de Bolsonaro para baixar um pouco o preço dos combustíveis é momentânea e, passada as eleições, vai cair por terra. Lula defende uma política de preços diferente para Petrobras que não fique atrelada aos interesses dos tubarões internacionais e o fim da entrega das refinarias e outros patrimônios do povo. Além disso, a vitória de Lula vai dar um impulso à luta pelo fim das terceirizações e privatizações e pela necessária reestatização de todas as empresas privatizadas.
Violência policial
Bolsonaro é símbolo da violência, da tortura, da intimidação. Faz isso porque supostamente agiria de maneira intransigente em defesa do bem, das famílias. O que ele faz, na verdade, é reforçar o poder do Estado para controlar os cidadãos através da força de repressão que é a Polícia. Por isso não para de crescer o massacre do povo pobre, negro e trabalhador, em sua maioria jovem, com mais de 6.500 mortos pela Polícia por ano. É preciso parar essa máquina de guerra contra o povo, com a dissolução da PM e de todo o aparato repressivo. A vitória de Lula tende a levantar o povo negro e trabalhador contra esse massacre.
Apoiado pela burguesia racista, Bolsonaro representa um perigo contra as limitadas conquistas de anos anteriores como as cotas nas universidade etc. Ele quer também abrir caminho para ampliar a repressão contra o povo pobre, assim os negros, que já são ampla maioria nas prisões e na periferia, não devem dar apoio aos seus carrascos. É preciso votar em Lula e lutar para pôr fim ao regime racsita que vivemos.
Mulheres, juventude e negros
Bolsonaro cortou verbas da educação, ensino técnico e universitário, tirou até dinheiro da merenda nas escolas. Atacou direitos trabalhistas das mulheres e estimula uma mentalidade conservadora de opressão da mulher. As mulheres, maioria do povo trabalhador e do eleitorado precisam lutar por sua derrota e pela vitória de Lula, para dar caminho a uma nova etapa de luta pelas reivindicações centrar das mulheres, como a questão da creche, a defesa de salário igual para trabalho igual e o direito da mulher decidir sobre seu próprio corto, com a discriminalização do aborto.