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Migração

Divagações de uma brasileira no exterior…

Elizabeth Novy, correspondente internacional do PCO na Áustria, conta suas reflexões sobre o problema da imigração

– Por Elizabeth Novy, correspondente internacional de Viena, Áustria

Hoje divagando sobre o tema da imigração:

O tema da imigração na Europa é um dos mais polêmicos e controversos. Especialmente na Áustria, o país onde vivo, cuja sociedade é bastante conservadora. Embora seja uma sociedade “envelhecida”, que precisa de mão-de-obra em vários setores, pois a demanda não é possível de ser coberta com a própria população, impera uma resistência em aceitar a integração completa de imigrantes à sociedade, graças a um temor latente em perder o padrão de vida alcançado ao longo do último século.

Em muitos setores da sociedade está incrustada a ideia de que os imigrantes “mancham” a paz social e os costumes estabelecidos, a criminalidade aumenta, e que a maioria não é capaz de assimilar e assumir os tão aclamados “valores europeus”… Momento!!! De que imigrantes se trata aqui? Dos “maus” ou dos “bons” imigrantes? Sim, porque há uma classificação mais ou menos implícita. Em primeiro lugar, os migrantes bem-vindos seriam aquela força de trabalho especializada, artistas e atletas. Num segundo plano, viriam os migrantes que provêm de países fora da Eurásia ou África.

Teoricamente, se estabeleceu que os imigrantes com categoria de “refugiados de guerra” são aqueles que devem ser priorizados na obtenção legal de direitos e proteção. E aqui, caberia a pergunta, qual refugiado não estaria fugindo de uma guerra, seja ela declarada ou não? Não seriam todos refugiados de uma guerra pela sobrevivência? E essas guerras pela sobrevivência não foram e são perpetuadas exatamente pelos países desenvolvidos, destinos da maior parte desses refugiados? Sem entrar totalmente no mérito dessa questão, fica a dica para uma reflexão.

Outro ponto que vale a pena mencionar, foi quando em 2015, a então chanceler da Alemanha, Angela Merkel, na sua célebre frase “Wir schaffen das” (“Vamos conseguir”), abriu as portas para milhares de refugiados, para tentar proteger a imensa onda de refugiados que atravessavam o mar, especialmente pelo sul, para entrar na Europa. Supõe-se que por volta de um milhão de imigrantes chegaram pelo mar em 2015, sendo que cerca de 70% provinham da Síria e do Afeganistão. Passado um período de muita solidariedade demonstrada pela população europeia, grande parte estimulada pelo “vamos conseguir” de Angela Merkel, se estabeleceu um período de muita tensão interna nos países acolhedores. Disputas políticas: de um lado uma extrema-direita instrumentalizando muito a questão e, acima de tudo, insuflando ainda mais os já inúmeros temores das “civilizadas” populações dos países da UE.
Não existe uma política verdadeiramente realista e abrangente para tratar da questão da imigração. Se discute muito quem, quando e por quanto tempo se pode ficar, mas raramente como se poderia evitar o fluxo de fugas, aliás, fluxo que voltou a se intensificar muito.

Mais recentemente, a vice-presidente da Ucrânia, Iryna Wereschtschuk, declarou publicamente a intenção de enviar milhões de ucranianos para a Europa Ocidental para passar o inverno. Já há cerca de 7,7 milhões de ucranianos refugiados na Europa, a maioria na Polônia (6,7 milhões), Rumênia (1,3 milhões). A Alemanha já tem mais de 1 milhão de refugiados registrados, na Áustria por volta de 72 mil. Os números são questionáveis, pois não se tem dados dos migrantes ilegais ou não registrados. Ou seja, é um tema de importância fundamental para a Europa e tudo que se vê são medidas que nem paliativas são e, se poderia até afirmar, que são enganadoras.

Os refugiados ucranianos seriam os “bons”, as “vítimas de uma inescrupulosa guerra iniciada pelos “malvados” russos. E, até agora, quais as medidas para tentar solicionar o problema? Envio de armas e dinheiro para o governo ucraniano prosseguir a todo custo a guerra. Até quando? Até o último ucraniano?

Nenhum cidadão, nenhum povo pode ser responsabilizado por ter que fugir do seu país. Nem os ucranianos, nem afegãos, nem sírios, nem líbios, nem iraquianos, nem nigerianos, etc…. Porém, todo cidadão, todo povo tem todo o direito de exigir de seus governantes que implementem uma política realista quanto à situação apresentada.

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