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Censura

Democracia, clima e índios: cortina de fumaça da ditadura do STF

Reunião no coração imperialista do mundo teve a presença de grande parte do esgoto da política brasileira

Na última segunda e terça-feira (14 e 15) ocorreu a Lide Brazil Conference, um evento em Manhattan, Nova Iorque, organizado pelo grupo Lide com a presença de inúmeros ilustres golpistas da política brasileira.

Entre os convidados estavam João Doria, Henrique Meirelles, Michel Temer, Pérsio Arida e 5 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo Alexandre de Moraes, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além de diversas outras figuras, inclusive 260 empresários.

Os principais temas envolvidos faziam referências sobretudo à democracia brasileira, à liberdade e à economia. De acordo com os discursos proferidos, o STF também se comprometeria com “a luta contra a desigualdade em suas diversas facetas”, “a preocupação com a questão climática” e a “demarcação das terras indígenas e a proteção dos povos originários”.

Não se sabe exatamente qual o grau de relevância específica da demarcação de terras indígenas frente a problemas como falta de soberania, desemprego, deficiência na educação, na saúde, subnutrição do povo ou inflação, mas, aparentemente, o assunto teria mais importância na democracia do que todos os temas citados, pelo menos de acordo com os discursos dos ministros no evento da Lide.

Os discursos também falavam, sobretudo, de defesa da democracia, fazendo referência às manifestações bolsonaristas, as quais o STF, a imprensa burguesa e até mesmo a esquerda tem classificado como um atentado às instituições democráticas feitas por terroristas, golpistas e arruaceiros — algo absurdo, considerando que a violência denunciada por parte dos manifestantes ou não existe, ou é isolada.

No fim das contas, além de um evento focado no Brasil ser realizado nos Estados Unidos e falar sobre democracia com um grupo dos principais integrantes do golpe de 2016, eleitores de Bolsonaro em 2018 e principais representantes do STF e do TSE, é perceptível que nenhum dos temas abordados foi de fato seriamente pensado para melhorar alguma coisa no País.

O fato é que o principal problema do País atualmente, e que não está sendo tratado nem pela esquerda e nem pelos autointitulados defensores da democracia, é o das liberdades democráticas. O judiciário, e sobretudo o STF, nada em arbitrariedades durante o ano de 2022, sobretudo quando se trata de eleições. Derrubar redes, apagar postagens, multar e prender por conta de uma notícia falsa ou por uma crítica é algo absurdo e pode sim ser classificado como uma verdadeira ditadura — como um poder que nem mesmo é eleito pode decidir o que é certo ou não em uma suposta democracia?

É evidente que toda a pauta identitária que foi colocada no evento é uma cortina de fumaça para todos os reais problemas apresentados. Essa, no fim das contas, acaba sendo uma evidência de como o identitarismo serve ao imperialismo para desviar a esquerda e os movimentos sociais daquilo que realmente pode incomodar a burguesia. O que o STF tem a ver com os indígenas e o clima? É ingênuo acreditar que eles tem um poder acima de um setor importante da burguesia para simplesmente desafiar todos os latifundiários do País, assim como todos os donos de empresas e fábricas a terem uma produção mais sustentável.

Uma coisa é atacar um setor que, apesar de não necessariamente ser minoritário, é um setor que não está ao lado da burguesia. É o caso, por exemplo, do bolsonarismo, altamente atacado nos últimos tempos por conta da desconfiança causada na população para com as instituições do Estado — outro exemplo é o Partido da Causa Operária, constantemente censurado por suas críticas a essas mesmas instituições.

“Não é possível que as redes sociais sejam terras de ninguém. Isso começou aqui nos EUA, na extrema-direita, chegou ao Leste Europeu e depois ao Brasil. […] O Poder Judiciário atuou para chegarmos às vésperas do final do ano com a democracia garantida. A democracia foi atacada, aviltada, mas sobreviveu. O Judiciário não foi cooptado, não foi aumentado, foi uma barreira a qualquer ataque à liberdade.”, afirmou o ministro Alexandre de Moraes em seu discurso.

O nome disso é censura. A liberdade de expressão deve ser irrestrita para toda a população e o Estado não pode regular o que é certo ou errado dizer. A implementação de uma censura explícita e indiscriminada configura uma ditadura por parte do STF, a qual tem sido encoberta pela burguesia e propagandeada, inclusive por meio do identitarismo, como algo bom e progressista — uma colocação evidentemente absurda.

“Quero trazer a lei para as redes. Por que um livro pode ser proibido e o que é colocado na rede não? O binômio liberdade com responsabilidade. As milícias digitais podem falar o que quiser, mas devem ter coragem para serem responsabilizadas posteriormente”, afirmou Alexandre de Moraes em seu discurso — a melhor resposta para isso é simples: um livro também não pode ser proibido, o ato continua sendo caracterizado como censura.

Esse evento foi uma grande cortina de fumaça orquestrada pela direita, tendo também o objetivo de levantar a bola dessa parte tradicional do campo político em vista do crescimento desenfreado do bolsonarismo. A censura também tem sua influência nisso, como já visto com os inúmeros ataques do STF aos movimentos bolsonaristas nos últimos tempos.

Talvez o fato de Alexandre de Moraes estar em um evento com fortíssimas ligações com o imperialismo e ter tirado a oportunidade para elogiar o ex-presidente golpista Michel Temer, o qual, diga-se de passagem, foi nomeado pelo próprio golpista, faça com que a esquerda abra minimamente os olhos:

“O tempo da presidência de Vossa Excelência foi pouco. O Brasil merecia mais.”

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