Na última quinta-feira (15), enfermeiras e enfermeiros do Reino Unido entraram na maior greve de sua história com demandas de aumentos salariais e melhores condições de trabalho, enquanto o Serviço Nacional de Saúde (NHS, em inglês) do país está em situação calamitosa tanto para a população quanto para os trabalhadores do serviço. Esse é mais um evento da imensa crise enfrentada pela Europa, principalmente após o conflito entre Rússia e Ucrânia.
Estima-se que por volta de 100 mil enfermeiros participem apenas na Inglaterra, e a greve ocorre em paralelo à maior onda de mobilização dos trabalhadores em décadas no Reino Unido.
A greve dos enfermeiros faz parte de uma série de mobilizações de trabalhadores por todo o Reino Unido neste último mês, enquanto o país enfrenta uma inflação sem qualquer controle, a taxa de juros nas alturas e com uma recessão que sufoca a população. Ou seja, uma crise econômica e política que a burguesia não consegue administrar.
A greve dos enfermeiros, então, não pode ser encarada como um fato isolado. Pelo contrário, é consequência de uma grave crise política e econômica vivida pelo Reino Unido, onde a população já não tem mais confiança em seus governantes.
A recente troca de primeiros ministros contou com as participações de Boris Johnson, que foi derrubado depois de uma suposta denúncia de furo de quarentena no período da COVID-19 (pretexto falso para tentar encobrir a grave crise econômica); Liz Truss, conhecida como “a breve”, permaneceu no cargo por menos de dois meses devido à impopularidade do governo; e Rishi Sunak, que também sofre com enorme impopularidade. Isso tudo é reflexo de um país conturbado que não apresenta saída aos trabalhadores. Esses, por sua vez, resolveram sair às ruas para pressionar a burguesia a atender suas reivindicações.
Esse movimento dos enfermeiros se torna, dessa forma, uma gasolina no incêndio vivido por parte da Europa, nesse caso, o Reino Unido. É um aprofundamento severo no regime burguês que pode levar a uma situação extremamente perigosa para a burguesia.
Devemos, também, nos atentar para o fato de essa crise generalizada por toda a Europa ter como um dos principais motivos a operação militar russa na Ucrânia. O imperialismo norte-americano tem usado a Europa como bucha de canhão no conflito, instigando um acirramento do conflito contra os russos e sanções econômicas à Rússia que, além de prejudicar toda a Europa (e quem sofre mais são os trabalhadores), beneficia diretamente os Estados Unidos.
Desse modo, a crise do regime capitalista está em uma fase acentuada, e o regime se vê num cenário de pressão, em que os trabalhadores começam a se mobilizar para lutar pelos seus direitos.