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Inflação

Crise inflacionária argentina incendeia a polarização política

Acordos de cooperação com Xi Jinping, auxílio financeiro chinês e ascensão de Cristina Kirchner mobilizam forte polarização na Argentina

A inflação argentina atingiu a marca anual de 88%, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), aumento de 6,3%. Os preços ao consumidor acumularam alta de 76,6% nos dez primeiros meses deste ano. Mantidos esses números, o país sul-americano pode chegar a 100% até o final de 2022, um patamar preocupante para o desenvolvimento da economia local e que também deteriora a confiança dos mercados externos. Recentemente, o governo argentino lançou o programa “Preços Justos”, um acordo com empresas de diversos setores para fazer uma lista de produtos de consumo de massa, que manterão seu valor pelos próximos quatro meses, com o objetivo de conter a alta.  

Alberto Fernández herdou dois acordos draconianos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que coloca a gestão de Fernández em sérias dificuldades, não só porque afeta a economia e reduz o nível de consumo, mas também porque é um dos pontos-chave exigidos pelo programa do Fundo. A âncora é bastante pesada e o FMI reiteradamente emite recados como “a Argentina tem que implementar políticas mais rígidas para reforçar a estabilidade e conter a inflação”. Para o FMI, apesar da inflação, o país crescerá 4% em 20220, desacelerando para 2% em 2023. O FMI também estimou que a inflação ficará em torno de 60%, e o déficit fiscal primário será de 1,9% do PIB para este ano e 1,4% para o próximo. 

Novo acordo com a China

Apesar de Fernández ser um governo burguês, em seu calcanhar existe uma grande oposição de direita e extrema-direita, que venceram às eleições no parlamento, e Cristina Kirchner que tem grande base social. Contudo, um acordo de swap com a China foi finalizado na terça-feira (16) no montante de 5 milhões de dólares, servindo de reforço ao Banco Central (BCRA). Tratar-se-á de um acordo de livre disponibilidade a fim de desafogar a Casa Rosada. O anúncio feito pelo próprio Alberto Fernández, juntamente à Xi Jinping, em Bali, na Indonésia, na 17ª Cúpula de Líderes do G20. “Hoje, o que o presidente Xi nos informou é que o governo chinês autorizou a Argentina a dispor livremente de 35.000 milhões de yuans, o que significa 5.000 milhões de dólares. Para nós, essa é uma ótima notícia, nós apreciamos profundamente”, disse Fernández, acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores, Santiago Cafiero, e pelo ministro da Economia, Sergio Massa. O ministro Massa afirmou que os recursos serão destinados às reservas do Banco Central (BCRA) para dar maior força à moeda local e aumentar “a capacidade de ação no mercado único do Banco livre de câmbio”, segundo comunicado oficial da Casa Rosada.

Trata-se de um alívio momentâneo ao presidente Alberto Fernandez, altamente atacado a essa altura de sua gestão, hoje afastado para tratar de uma gastrite aguda, e membros do governo tentando apagar incêndio causado pela ministra do Trabalho da Argentina, Raquel Kelly Kismer de Olmos, que pediu para esquecer por um tempo o controle da inflação no país para se concentrar em vencer a Copa do Mundo no Catar, já que “um mês não fará uma grande diferença […] continuamos lutando contra a inflação, mas primeiro, que a Argentina vença”, disse Olmos em entrevista ao Channel 9 na segunda-feira (14). Enquanto isso, durante a semana, paralisações de médicos, enfermeiros e auxiliares de hospitais públicos, paralisações dos transportes, planejamento de greves por reajustes de salário entre outras questões fervilham e a direita capitaliza, mas não só.

Fator Kirchner

Cristina Fernández de Kirchner participou de um ato no Dia da Militância Peronista na província de Buenos Aires, onde milhares de pessoas se reuniram para ouvir seu discurso. A vice-presidente convocou as forças políticas para a reconstrução da “democracia”. Kirchner também atacou o sistema judiciário e os juízes, sendo seguido por coros de militantes. No Dia da Militância, a vice-presidente criticou a oposição e defendeu sua gestão.

No encerramento de seu discurso, Cristina Kirchner evitou detalhes para sobre sua possível candidatura presidencial em 2023: “Precisamos de uma liderança política penetrada no mundo. Precisamos urgentemente discutir essas coisas em vez de queixas permanentes e estigmatizações. Quando Perón voltou, ele não queria ser presidente. Trouxeram-lhe talvez tarde demais, digo-o por que juntamente com Néstor estávamos entre os jovens que ficaram com Perón respeitando a sua condução”, recordou esta noite e parecia que o anúncio que o público cantava estava a chegar […] “Quando comecei a servir, não tínhamos vivido o peronismo. Foi uma fase difícil, mas que todos assumam o comando e não venham falar conosco sobre ordem e violência […] nunca estivemos com violência. Quero que finalmente concordemos juntos que não haverá melhor homenagem à memória de Perón e de tantos outros que, mesmo com seus erros ou erros, deram suas vidas pela Argentina”, disse ele em referência à ligação entre o partido no poder e a oposição. (El Cronista) 

Enfim, o cenário da Argentina precisa ser observado. Os capitalistas argentinos e o imperialismo já falam na volta do macrismo (Macri permanece com forte poder junto ao imperialismo) após os acordos de Fernández com Rússia e agora com a China. Contudo, Fernández, embora em crise de administração, é controlável apesar dos acordos, mas está atrás de Cristina Kirchner como candidata governista, que possui base social, mas aguça “o mercado” e o imperialismo a intervir. Ano de 2023 será bastante agitado, e agora, com o fator Lula e Mercosul, poderá impulsionar o governo. Situação a ser monitorada por este Diário. Será um ano de grande polarização.

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