A crise de produção dos semicondutores, parte essencial dos chamados microchips presentes em todos os elementos eletrônicos levou a queda do faturamento mundial de cerca de US$240 bilhões (R$1,294 trilhão). O principal setor afetado são as fábricas de automóveis, cujo painel de comando depende desses materiais.
A era dos eletrônicos, que surgiu junto ao chamado processo de globalização no inicio dos anos 90, foi uma empreitada no sentido de abrir um novo mercado internacional que ficou conhecido no mundo financeiro como a Nasdaq, o setor da bolsa de Nova Iorque ligado a essas novas tecnologias. A criação dos equipamentos eletrônicos também foi um elemento que facilitou o processo de comunicação a longas distancias, favorecendo o processo de globalização da economia e de terceirização da produção.
Nesse sentido, redirecionar as fabricas dos países cuja mão de obra era elevada e transferir a produção para o regime de semiescravidão dos países asiáticos, como a China e os Tigres Asiáticos, tornou-se a alternativa do imperialismo para, de uma vez só, dar um fôlego para a economia e combater o movimento operário que se avolumava com a crescente organização da esquerda nos países ocidentais.
Hoje, cerca de 30 anos depois do inicio dessa politica, ela já mostra seus sinais de esgotamento. Um ponto essencial dessa crise, como citado acima, é a crise dos semicondutores. Com a produção concentrada na China, em apenas algumas fábricas, a dependência internacional de uma economia que não é a sua é muito grande. Para piorar, a guerra comercial dos EUA com o grande asiático levou ao embarreiramento dos produtos da Huawei e da SMIC, dois dos principais produtores de microchips do mundo.
A solução encontrada pelos capitalistas é a reconstrução de industrias nos próprios países. Como disse ao canal Sajid Patel, diretor-geral da Optimal Design, uma empresa de fabricação de equipamentos eletrônicos: “por vezes tivemos que reduzir a produção devido aos chips que, na realidade, eram simplesmente inacessíveis […]. Acho que é importante para nós produzir esse produto nos EUA. Não estamos fazendo o suficiente neste momento”.
O capitalismo imperialista, no entanto, enveredou por um caminho sem volta, de decadência e decomposição econômica. Enquanto os países imperialistas exportaram riqueza e miséria e colheram lucros inauditos, tudo corria bem. Agora que as operações “normais” se tornaram inviáveis e a guerra comercial com países atrasados como a China, mais acirrada, a exportação de indústrias e o desenvolvimento provocado por esse movimento são coisas irreversíveis, apesar dos desejos (e a própria necessidade de sobrevivência) dos grandes monopólios capitalistas.