Relato de um participante
Militantes vindos de todo Brasil e reunidos em caravana partindo do São Paulo na sexta-feira (18) rumo ao Rio de Janeiro para a conferência dos negros organizada pelo coletivo João Cândido do PCO, chegaram à favela do Jacarezinho por volta das 7 da manhã neste sábado (19). Seguimos a pé para o local dentro da comunidade onde seria realizado o primeiro dia de atividade.
Ainda era cedo, poucas pessoas nas ruas. Ao parar para tomar café em uma padaria da comunidade, logo vimos a maquina de guerra de matar negro e pobre à mando do Estado burguês já em ação. Em cima de caminhonetes, armados até os dentes, policiais do BOPE desfilaram pelas ruas e vielas do Morro do Jacaré. A população fingia que não via, mas é nítido o clima de terror e o absurdo a que estão submetidos os moradores da favela.
Diante da situação os militantes não se intimidaram, e logo se colocaram a panfletar o programa do coletivo para a luta do povo negro para a população. As pessoas que passavam na rua paravam para pegar o folheto e conversar sobre a situação e a politica atual. Lula presidente, era e a palavra de ordem de todos que passaram pela atividade.
Pela manhã uma importante liderança do Morro do Jacaré, conhecido como Rumba, levantou uma atividade politica nas ruas denunciando os crimes da policia contra a população. Os militantes do PCO seguiram a manifestação onde também pudemos participar, panfletando, colando adesivos e agitando inclusive com uma fala do companheiro Juliano Lopes.
A participação do PCO na mobilização do companheiro Rumba ajudou a divulgar a conferência do coletivo de negros João Cândido. Outras lideranças como Tiago Baia e André Constantine foram fundamentais na organização da conferência. Após o almoço, demos inicio aos trabalhos. Por volta de 50 companheiros, entre jovens e velhos militantes, acompanharam atentamente as falas dos companheiros da mesa, composta por Constantine, Baia, Juliano Lopes e Izadora Dias.
“O local da conferência é um acerto politico do coletivo João Cândido. Além da opressão do povo negro pelo braço armado do Estado, Lula presidente é unânime entre a população. [O Jacarezinho] é um local decisivo pra situação politica, é possível formar dezenas de comitês Lula presidente e travar uma luta concreta nas ruas”, disse Juliano Lopes coordenador do coletivo João Cândido.
Os participantes fizeram várias denúncias de crimes cometidos pela polícia, com discursos que traduziam em emoção e indignação, contando inclusive com o relato de uma mãe que teve o filho assassinado pela PM.
O companheiro André Constantine, do PT, contribuiu com a demonstração de sua revolta contra o regime golpista e denunciou “a SS nazista do Estado que mata preto e favelado todos dias”.
Durante o debate do programa do Coletivo, outras pautas foram levantadas, como por exemplo, um programa de trabalho e educação para o jovens negros das periferias. Outro ponto muito discutido foi a questão do identitarismo. Uma das resoluções colocadas em pauta foi a frequência de conferências como esta no Jacarezinho. “Poderiam acontecer a cada seis meses”, propôs o companheiro Alex Pinheiro, militante do PCO de Uberlândia, Minas Gerais.
Neste domingo, a conferência segue em novo local dentro da favela. Serão formados grupos de discussão com temas específicos: a campanha por Lula presidente; a luta pelo fim da polícia e por comitês de autodefesa; a campanha pelo fim dos presídios; e temas como o identitarismo, a situação da juventude e das mulheres negras. Os militantes poderão participar do debate sobre cada tema de acordo com seu maior interesse. A conferência vai se encerrar com uma manifestação na Escola de Samba do Jacarezinho.
Panfletagem na comunidade atraiu a atenção da população para a Conferência