Os operários chineses da maior fábrica de iphones do planeta na província de Henan hoje são os protagonistas de um dos maios importantes movimentos grevistas do planeta. Um dos diretores da empresa Foxconn, subsidiária da Apple e proprietária da fábrica, afirmou que o prejuízo é de um bilhão de dólares por semana. Com tamanho prejuízo a repressão aos trabalhadores está sendo violenta ─ enquanto isso os trabalhadores resistem. A luta da classe operária chinesa contra a burguesia que tomou controle do país é uma das mais voláteis do mundo.
A fábrica de iphones é controlada pela Foxconn, uma empresa da ilha de Formosa (Taiwan), que por sua vez é controlada pela Apple, ou seja, por um dos maiores monopólios imperialistas do paneta. O interessante é que aqui se vê a opressão que os taiuaneses exercessem sobre os trabalhadores chineses, tanto os que têm cidadania na ilha, quanto os da República Popular da China. Mas é uma opressão por procuração. Formosa é uma base do imperialismo para atacar a China não só militarmente mas também economicamente. Quem exerce a real opressão são os monopólios dos países capitalistas desenvolvidos, como é este o caso da Apple, dos EUA.
O que fica claro também é o regime capitalista que vigora na China. A restauração capitalista aconteceu nos anos 1980 e gerou o regime que existe nos dias de hoje. O Partido Comunista Chinês ainda está no governo e ainda possui uma série de contradições com o imperialismo. Contudo o setor mais poderoso da burguesia internacional explora a classe operária chinesa para garantir os seus gigantescos lucros, com a conivência do regime governado pela burocracia “comunista”.
Neste caso em questão, a fábrica passava por um surto de Covid-19 e os trabalhadores exigiam que alguma medida fosse tomada. Os patrões prometeram pagar bônus para novos contratados, promessa que não cumpriram, e assim se iniciaram os protestos. A polícia reprimiu os trabalhadores mostrando que o aparato de repressão do Estado está a serviço da burguesia, e ao mesmo tempo a empresa já fala em remover as fábricas da China e mandá-las para a Índia dado o nível de insatisfação e organização da classe operária.
O que fica claro aqui é que, apesar de ser um regime que se coloca contra o imperialismo em certa medida, a burguesia explora brutalmente os trabalhadores chineses. A luta contra o imperialismo só pode ser completa quando liderada pela classe operária. A Revolução Chinesa garantiu muitas conquistas para os trabalhadores, mas não resolveu todos os seus problemas, principalmente com a restauração do capitalismo.
Os protestos contra os monopólios imperialistas, como este dos operários de Henan, não são apoiados pelos EUA como a farsa que acontece em Hong Kong, são protestos legítimos que apontam para a luta contra a burguesia, para a tomada de poder da classe operária.
O caminho para os trabalhadores chineses é claro: ampliar a luta contra os monopólios imperialistas e contra a burguesia da própria China. A maior classe operária do planeta, por meio da mobilização, pode tomar o poder novamente. Isso seria um baque gigantesco no imperialismo, que inspiraria os trabalhadores da Ásia e de todo o planeta.