Mais uma vez vemos ocorrer outro massacre nas favelas do Rio de Janeiro. Equipes do BOPE, o temido Batalhão de Operações Policiais Especiais, realizaram desde as primeiras horas desta terça-feira (24) uma ação no Complexo da Penha, zona norte do Rio. A operação teve o apoio da PRF, Polícia Rodoviária Federal. De início, logo cedo, foram reportadas 11 pessoas mortas. Segundo os policiais, dez delas seriam criminosos. Já a décima primeira vítima seria uma mulher, moradora da comunidade da Chatuba, que também veio a óbito ao ser atingida supostamente por balas perdidas.
No decorrer do dia o número de mortes avançou para 24, além de 7 feridos, segundo notícias reportadas no portal VozdasComunidades na internet. Foram noticiados também denúncias de moradores contendo relatos de abuso de poder, o que é sempre comum nessas ocorrências. Anonimamente um morador revelou que os agentes policiais circulavam pela região gritando: “todo mundo vai morrer”.
Como sempre o MPF, Ministério Público Federal, anunciou a instauração de outro procedimento investigativo que, como os anteriores, certamente não resultará em nada. Segundo noticiado, o MPF vai apurar as eventuais violações e ilegalidades. Podemos esperar sentados.
Esse massacre é apenas mais um caso do extermínio que as forças de repressão do Estado burguês tem por sua verdadeira função quando se trata de lidar com a população pobre, e em sua maioria negra, do país. As instituições policiais são nada menos que esquadrões da morte cujo nefasto papel é matar pobres em favelas ou em qualquer outra localidade carente que exista no país.
Causa horror a quantidade de morticínios provocados pelas polícias só este ano. Apenas no Rio de Janeiro, dados oficiais divulgados pelo portal da BandNewsFM este mês, dia 06, dão conta que de 2007 a 2021 foram computadas 3 chacinas por mês. Os argumentos são sempre os mesmos. Confronto à bala contra criminosos que revidaram. E os locais das ocorrências são sempre os locais pobres e desassistidos das periferias.
É uma verdadeira guerra contra o povo humilde do país. Não há Estado que olhe por ele. Nem que lhe dê o devido tratamento justo e legal a fim de que haja a oportunidade de se apurar quem é e quem não é criminoso. Quem decide é o próprio agente de segurança no momento da ação, que assim exerce um absurdo papel tríplice: Policial, promotor e juiz. E a sentença é muitas vezes sumariamente a morte.
O Estado capitalista burguês serve apenas para isso: defender o interesse dos ricos contra a população pobre. Os ricos são a única parcela da população a quem verdadeiramente o Estado protege. Para os pobres restam a repressão e o chumbo. O cidadão de posses é tratado por “Senhor” ou “Doutor”, mesmo que seja um criminoso evidente. Já o cidadão pobre da periferia, sendo criminoso ou não, é logo tido como um delinquente e o tratamento é a agressão ou, muitas vezes, a bala.
Na teoria as polícias no Estado capitalista servem para cuidar da segurança dos cidadãos e combater o crime. Já na prática, o que ocorre em larga escala, é o que vemos na notícia acima. Na prática, qualquer crime de furto, roubo ou assassinato fica em sua maioria sem solução e nem há um real interesse do Estado quanto a isso. O cidadão que não pertence à classe dos abastados está entregue a própria sorte e sem o direito de se defender.
A polícia é o braço armado do Estado burguês e o papel real para o qual foi criada é o que vimos acontecer agora, nesse caso mais recente do Complexo da Penha. Essa guerra genocida sem tréguas contra a população só acabará com o fim do sistema capitalista onde a segurança dos cidadãos estará a cargo e sob administração deles próprios.