O ditado popular diz que devemos manter os amigos por perto e os inimigos ainda mais perto. Frase dita por Michael Corleone no filme “O Poderoso Chefão II”. É óbvio que um caso está relacionado com os cuidados que devemos ter e o outro com instinto de sobrevivência. Se um inimigo é perigoso, um falso amigo é infinitamente mais perigoso e requer muita atenção para manter a própria existência.
Se um falso amigo é mais perigoso que um inimigo, se unir a ele é ato de pura insanidade, de tentativa de autodestruição, é buscar o caminho da derrota. E é isso que a coligação do PT com o PSB trará ao PT, sem que não se veja nenhuma vantagem com essa coligação. Trata-se de aceitar um “presente de grego” sabendo da tragédia anunciada. Não faz o menor sentido isso.
A convenção regional do PSB no Mato Grosso do Sul aprovou aliança com Eduardo Riedel (PSDB) que já estava fechado com Bolsonaro. O PT lançou a candidatura de Giselle Marques ao governo. O presidente estadual do PSB, Ricardo Ayache, defende apoio formal aos tucanos e que estará na campanha de Lula.
Como conseguirá estar em dois palanques ao mesmo tempo, ele não explicou. Explicou que o apoio aos tucanos é devido ao apoio recebido deles em apoio à candidatura de Marcelo Freixo (PSB) no RJ.
No Mato Grosso o mesmo ocorre, o PSB fechou aliança com a candidatura de Mauro Mendes (UNIÃO BRASIL) que apoia e também é apoiado por Bolsonaro. Ou seja, fecha aliança formal com o partido União e diz apoiar a candidatura de Lula. Uma farsa declarada.
Um pedido de Alckmin surtiu efeito e a candidatura de Natasha Slhessarenko para o Senado pelo PSB deixou de existir. O objetivo do vice era o apoio ao candidato ruralista Neri Geller (PP) que faria a ponte entre os latifundiários e o governo, mas o PSB não aceitou a aliança.
No Paraná o PSB definiu por ficar neutro nas eleições estaduais, mas apoiando a candidatura de Álvaro Dias (Podemos) para o senado. A maioria do partido apoia a reeleição de Ratinho Jr do PSD que fechou aliança formal com o PL e a reeleição de Bolsonaro.
Luciano Ducci, deputado estadual do PSB, afirma que a posição da filial do PSDB é de “independência” e que não haverá conflitos entre as eleições estadual e nacional: “vamos fazer a campanha para Lula e Alckmin”. É uma farsa declarada com todas as letras.
No Tocantins o PSB lançou Carlos Amastha, ex-prefeito de Palmas como candidato ao senado e não lançou para o governo. Já o PL lançou candidato ao governo do estado mas não lançou para o senado. O candidato é Ronaldo Dimas. Que estranha coincidência não acham? Só idiota para acreditar nisso. Assim o palanque de Lula será apenas o ex-deputado Paulo Mourão (PT), pois boa parte dos deputados do PCdoB e PV apoiam Vanderlei Barbosa (Republicanos) que apoia Bolsonaro. Isso transforma a federação num “casamento de fachada”. E o povo é grande enganado nessa história.
Lula lançará sua campanha com um comício do Vale do Anhangabaú, no centro da maior cidade operária da América Latina. É preciso mobilizar dezenas de milhares de trabalhadores e pintar de vermelho as ruas de São Paulo! Lula presidente, por um governo dos trabalhadores!
— PCO – Partido da Causa Operária – (M) (@mpco29) August 15, 2022
Em Roraima, o PSB apoia a candidatura de Teresa Surita (MDB) na coligação com o PL de Bolsonaro. O PT apoia a candidatura de Rudson Leite (PV) que apoia informalmente o bolsonarista candidato a senador Telmário Mota (Pros).
O líder do PSB de Alagoas e prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, próximo da família Bolsonaro e que inclusive participou de atos com o presidente, apoia a candidatura para reeleição de Paulo Dantas (MDB) que é apadrinhado por Renan Filho, ex-governador.
PSB e PT contam ainda com o imbróglio de duas candidaturas ao senado no RJ e RN e estarão em palanques distintos na Paraíba, Ceará, Amazonas, Acre e Rio Grande do Sul e Distrito Federal, mas sem apoio a candidatos a governador ligados a Bolsonaro, conforme matéria do jornal golpista Folha/Uol.
A candidatura de Lula sem mesmo ser oficializada já indicava que seria vitoriosa até mesmo no primeiro turno, sem coligações, federações, ou qualquer que fosse o vice. Lula sozinho já estaria eleito sem mais delongas, dependendo apenas das próprias forças ─ isto é, do PT, da CUT e do movimento popular, que o apoia.
Sendo assim, a pergunta que não quer calar é, qual o sentido de fazer coligações e colocar o vice de um partido de direita como é o PSB, indiscutivelmente? Não faz sentido. E o resultado já começa a aparecer com a perda de votos até mesmo nos locais onde a votação de Lula sempre foi mais forte, que é o norte e nordeste.
O Cavalo de Troia começou a despejar as forças contrárias ao movimento de eleger Lula. Quem seria o “poderoso chefão” neste caso? Lula ou Alckmin do PSB? Fazemos aqui alusão ao filme onde a frase foi articulada. Quem ganha e quem perde?
Uma coligação indica a necessidade de união de forças para alcançar um objetivo em comum. Neste caso, eleger um candidato de esquerda e não alinhado ao imperialismo. Mas Alckmin é homem de direita e alinhado com o imperialismo. Como esperar que some algum voto para Lula? Não vai e ainda deixa Lula e o PT andando no fio da navalha o tempo todo.
Concretizada a coligação com o vice Alckmin, foram feitas apresentações públicas dos candidatos em ambiente fechado e com enormes dificuldades de participação popular através de enormes aparatos burocráticos que dizem que seriam para garantir a segurança. Segurança de quem? Do povo? de Lula? Não, é a do vice, evidentemente, que não é aceito nem pelo povo nem pelos militantes do PT. Esse artifício é para garantir a segurança do vice, sejamos coerentes. O povo e os militantes adoram Lula e já o demonstraram em inúmeras vezes nas campanhas passadas, por exemplo.
Se o PSB e Alckmin não acrescentam absolutamente nada em termos de votos e imagem pública para o processo eleitoral da esquerda, o contrário não é verdadeiro. Lula e o PT acrescentam muito ao PSB e a Alckmin. Dão uma certa aparência de esquerda, de democracia a estes, ao mesmo tempo que diminuem essas características deles próprios perante os trabalhadores.
Alckmin sempre foi o candidato preferido do imperialismo, e pela política adotada nos governos do estado de São Paulo acumulou extremo ódio por parte da população e dos trabalhadores, que com essa coligação eleitoral desfazem ao menos em parte o ódio por ele.
O efeito nefasto disso é que confundem os trabalhadores e o povo em geral simpáticos a Lula e ao PT. A coligação deixa o inimigo público dos trabalhadores no mesmo palanque que seu maior representante, numa coligação que pretende governar junto o país que já arrancou quase tudo dos trabalhadores. O emprego, rebaixamento dos salários, perda de direitos trabalhistas e previdenciários, de postos de saúde, de escolas e responsável pelas mais de 600 mil mortes por covid-19 sem atendimento adequado a ela, etc.
Estão juntos o que quer melhorias para os trabalhadores e o que quer o pior para eles. Para que lado irá pender a balança no final das contas? Para os trabalhadores ou para as empresas? O tamanho da crise parece não deixar dúvidas. A crise se acentua diariamente há anos.
E essa aliança com o PSB, um partido que, na verdade, está sendo beneficiado, se apoiando no PT em vez de realmente o apoiar. O PT deveria se apoiar na classe trabalhadora que sempre apoiou o partido, e não nesses traíras que na primeira oportunidade tiram o corpo fora.
Isso é o que seria lógico e correto de acontecer, afinal os trabalhadores sempre apoiaram seu maior líder, mesmo que este tenha uma política moderada e muitas vezes até mesmo direitista.
A legenda de Alckmin, o PSB, não estará no palanque com o PT em 11 estados e no Distrito Federal. A política adotada pelo PSB nos estados foi por candidaturas próprias, neutralidade e até mesmo coligações com candidatos a governador que apoia Bolsonaro.
Após os governos do PT, tanto Temer como Bolsonaro fizeram política de terra arrasada no país, retirando tudo que puderam dos trabalhadores e entregando a Petrobras, Eletrobrás, etc. fatiadas ao capital estrangeiro imperialista e praticamente de graça. Os lucros dessas empresas passam a ser destinados a seus proprietários nos paraísos fiscais da Europa e EUA, ao invés de ser usado para a melhoria das condições de vida e emprego dos brasileiros.
Só com a força dos trabalhadores brasileiros podemos reverter a grave crise econômica e social que empobrece a cada dia o povo e aumenta os lucros do imperialismo. É preciso dar um basta a isso tudo e é nas ruas em fortes movimentos de trabalhadores para derrotarmos a nefasta política neoliberal do imperialismo.