Um balanço da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da prefeitura de São Paulo apontou um aumento do atendimento a mulheres vítimas de violência de 75% em 2021 comparado aos anos anteriores. Segundo a pasta, no ano passado houve uma média de 3.500 mulheres atendidas por mês nos equipamentos da prefeitura, totalizando no ano 42.212 mulheres.
Curiosamente, um estudo da prefeitura apontou que o perfil daquelas que procuraram ajuda nos serviços de proteção é de mulher branca, de 30 a 49 anos, solteira, formação escolar igual ou superior ao ensino médio e com rendimento de um a dois salários mínimos. O que nos leva a crer que o número de violência contra a mulher durante o período foi muito maior do aquele informado pela secretária já que é sabido que a maior parte das mulheres vítimas de violência doméstica é composta por mulheres negras.
VÍTIMAS MAIS DO CAPITALISMO
Pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que 61,8% das mulheres que sofreram violência no último ano afirmaram que a renda familiar diminuiu neste período. Entre as que não sofreram violência este percentual foi de 50%. Além disso, 46,7% das mulheres que sofreram violência também perderam o emprego. A média entre as que não sofreram violência foi de 29,5%.
Ainda segundo o estudo, a falta de emprego e de recursos financeiros, agravadas durante a pandemia, foi apontada por participantes da audiência como um dos principais fatores para que a mulher não conseguisse escapar do ciclo de violência.
É preciso dar condições financeiras para que a mulher vítima de um relacionamento abusivo e agressivo possa concretamente se distanciar do agressor e retomar a sua vida de forma segura. No entanto, o que temos visto é que o investimento em políticas públicas de proteção a mulher vem sendo ainda mais marginalizado, tendo sofrido inclusive um corte de 33% no orçamento do governo federal para 2022.
Sem políticas públicas eficientes e com o país atualmente batendo a casa de quase 100 milhões de trabalhadores desempregados ou subempregados, não será possível criar soluções reais para os problemas das mulheres.