Já é tradicional nos períodos de disputa eleitoral o bombardeio de números, estatísticas e análises na imprensa burguesa. Além de atordoar a população e manter um debate despolitizado acerca do que realmente está em jogo em cada eleição, o sobe e desce nas intenções de voto serve para manipular o eleitorado.
O resultado do primeiro turno mostrou que os números apresentados não condiziam com a realidade. Para tentar emplacar a terceira via e manter Bolsonaro controlado, de coleira, as pesquisas apontavam um índice de intenção de voto artificialmente mais baixo. Como efeito colateral, e muito bem-vindo para a burguesia, a campanha de Lula se manteve morna e distante do povo.
Agora, diante da escolha entre um político conciliador que não pode se comprometer com a política de terra arrasada do neoliberalismo e seu problemático presidente improvisado, a burguesia dá sinais de estar manipulando as pesquisas em outra direção. A “tendência” da vez, repetida exaustivamente na sua gigantesca máquina de propaganda, é de uma inclinação gradual do eleitorado para o atual e ilegítimo candidato à reeleição.
A partir dos números lançados nos jornais, rádios e telas de televisão, a imprensa golpista vai criando uma atmosfera de reviravolta nas eleições. As pesquisas eleitorais são apresentadas como dados objetivos, criteriosamente levantados e cientificamente abençoados. Definidas as cartas, seus analistas montam as explicações que mais convierem para justificar uma eventual derrota de Lula, inclusive para amortecer novamente a esquerda.
Em 2018, a esquerda engoliu que a eleição de Bolsonaro ocorreu por causa das “fake news”. Além de aceitar e até legitimar a fraude eleitoral, onde Lula foi preso e retirado do pleito, a confusão serviu para que a esquerda abraçasse uma defesa suicida da censura e da repressão. A moda de culpar as tais “notícias falsas nas redes sociais” ainda não passou completamente, mas se preciso a burguesia lança outra isca para os desesperados se apegarem para explicar o próprio fracasso.
Como dizem, “o golpe tá aí, cai quem quer”. Passou da hora da esquerda abandonar sua fé nas estruturas controladas pela burguesia, sejam suas empresas ou suas instituições. A esquerda só depende do povo, de quem trabalha, o motor da sociedade. É preciso se manter na ofensiva, mesmo que tardiamente os setores que despertaram após o baque do primeiro turno não podem recuar. Para impor uma vitória da candidatura de Lula é necessário colocar todas as forças na campanha de corpo a corpo e não estimular a confiança do povo nas redes de televisão, de rádio, nos juízes.. nem nos institutos de pesquisa da burguesia.