Na última 5a-feira, dia 20, foram divulgados novos dados da pesquisa DataFolha para as eleições. Como já demonstrado pelos resultados do primeiro turno, as pesquisas refletem os interesses das empresas que as realizam, mostrando o quadro mais conveniente com elas. Agora, a pesquisa buscou medir o “apoio à democracia”, e o resultado chega ao nível da sátira: de acordo com eleitores de Bolsonaro seriam mais democráticos que os de Lula.
Foram entrevistadas 2912 pessoas, e a pesquisa indica margem de erro de dois pontos percentuais a mais ou a menos. Segundo os dados coletados: 79% dos entrevistados consideram a democracia como a melhor forma de governo, o maior número de uma série histórica iniciada em 1989; 11% consideram que tanto faz entre democracia e ditadura; para 5%, em determinadas circunstâncias, uma ditadura seria melhor; 5% não opinaram. A taxa de indiferentes e a de pessoas que apoiariam uma ditadura também é a menor na série.
O dado de destaque porém, entre outros que falaremos a seguir foi o seguinte: entre eleitores de Lula, 78% votaram pela democracia sempre, com 13% indiferentes e 3% apoiariam uma ditadura, enquanto entre os eleitores de Bolsonaro, os números são 80% democracia, 9% indiferentes e 7% ditadura. Ou seja, a popularidade do regime democrático seria maior entre aqueles eleitores do candidato que é aberta e entusiasticamente defensor da ditadura militar de 1964, da tortura e da perseguição política, uma farsa completa.
No entanto, a coisa não pára por aí. De acordo com a pesquisa, o apoio à democracia cresce com a escolaridade, sendo relativo aos ensinos fundamental: 62%, médio: 82% e superior: 92%. Continuando, eis o dado mais estranho até agora: o apoio ao regime democrático cresce também considerado o fator renda:
- Até 2 salários mínimos: 72%
- Mais de 2 a 5 salários mínimos: 86%
- Mais de 5 a 10 salários mínimos: 89%
- Mais de 10 salários mínimos: 93%
A ala mais fascista da sociedade, a classe média, seria mais democrática que a classe operária e, quanto mais dinheiro, o que em geral quer dizer que quanto mais direitista esse setor, mais democrático ele seria, uma verdadeira aberração. Generalizada, quer dizer que quanto maior a renda maior o apoio à democracia, mas justamente o setor mais golpista é a burguesia, e sua base social é principalmente a camada mais alta da classe média, diminuindo conforme a renda. Uma fraude escancarada, a população que é constantemente golpeada seria menos democrática que a golpista, que a classe que impõe a ditadura, os golpes, a fome e a desgraça sobre a população.
O demonstrado com a pesquisa é, como dito no início, nada mais que o interesse da burguesia. Abandonaram a campanha do Bolsonaro fascista, e serraram fileiras em torno dele, buscando apresentar tanto o próprio Jair Bolsonaro e o bolsonarismo como civilizados, com uma face limpa, cheirosa e penteada, um semblante sereno e o mais tucano possível. Um golpe eleitoral se aproxima. O voto em Bolsonaro seria o voto democrático, nada mais longe da realidade, ou mais perto dos interesses do imperialismo neste segundo turno.
Manobras eleitorais
O mesmo levantamento ainda apontou intenções de voto de 49% para Lula e 45% para Bolsonaro, um empate na margem de erro, e a burguesia faz de tudo para ganhar a eleição. Ao passo em que injeta dinheiro na campanha de Jair Bolsonaro, a burguesia injeta golpistas odiados pelo povo na campanha de Lula. Enquanto o apoio material se dá por verba, casos de coação de trabalhadores nas empresas se tornam cada vez mais comuns, como em 2018, em que patrões pressionam os empregados para que votem em seu candidato, Jair Bolsonaro. Essa é a classe democrática da pesquisa DataFolha.
Já a campanha de Lula sofre pressão interna para se descaracterizar, para o uso da cor branca, para que Simone Tebet, a latifundiária com ligações indicadas com a pistolagem no Mato Grosso do Sul, tenha um papel junto a Lula. Uma inimiga do povo ao lado do candidato dos trabalhadores, uma sabotagem. O aparente apoio da burguesia a Lula nada mais é que uma ampla e enorme campanha de sabotagem. Tal qual Alckmin no primeiro turno, agora Tebet no segundo.
A única forma de garantir a eleição e o cenário o melhor possível para os trabalhadores é com mobilização. A militância do PT deve ser munida de materiais nesta reta final e ir aos bairros, a base da CUT deve ser convocada para realizar ampla campanha nos sindicatos e fora deles. Apenas com um grande movimento de massas podem os trabalhadores eleger seu candidato, e garantir um governo tão vermelho quanto anseiam que seja. Lula presidente, por um governo dos trabalhadores!