No final da última semana, a polarização política do país continuou a se mostrar acentuada, com a participação de Lula e Bolsonaro em grandes atos.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou dois grandes atos no final desde a última quinta-feira. O primeiro deles, e maior, foi na Candelária no centro do Rio de Janeiro, com a presença de cerca de 50 mil pessoas e o segundo com aproximadamente 5 mil pessoas presentes foi no município operário de Diadema, no ABC paulista. Com a Praça da Moça tomada, na região cental do município do ABC paulista, Lula denunciou mais uma vez a criminosa situação em que a direita colocou os trabalhadores no país e mostrando o que o povo quer saber anunciou que os ricos vão pagar a conta em seu governo. “Vamos pegar o país pior, com inflação e o desemprego maiores. As categorias sindicais estão fazendo acordos menores que a inflação. E nossa solução é colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”, disse.
No ato de Diadema, Lula esteve acompanhado do vice golpista de sua chapa, Geraldo Alckmin (PSB) e do candidato petista ao governo de São Paulo, Fernando Haddad. Pela primeira vez, o ex-governador Márcio França (PSB) subiu no mesmo palanque e ratificou a desistência de sua candidatura ao governo para apoiar Haddad.
No palanque de Diadema, Haddad admitiu ter sido uma das peças chaves para construir um palanque unificado com setores da direita como o PSB, Rede, Solidariedade e PV, além do PT, Psol e PCdoB. “Nós, ao longo de um ano praticamente, começamos a construir uma solução que contemplasse todos os partidos que estão aqui representados.”.
Já os atos organizados pela direita tiveram milhões em gastos (incluindo dinheiro público) e com auxílio político de parte das das direções das igrejas evangélicas. Para apoiar Jair Bolsonaro os vereadores paulistanos aprovaram R$ 1,7 milhão em emendas de para sua edição de 2022 em São Paulo. Mostrando o que o PCO há muito vem alertando é que face ao não desenvolvimento da terceira via, nos momentos decisivos a direita pode se aliar totalmente à Bolsonaro. Somente para o ato do último domingo os vereadores João Jorge (PSDB), que destinou R$ 1 milhão ao evento político religioso, e o Missionário José Olímpio (PL), R$ 710 mil, mostram que é isso que começa a se desenhar. Além da participação de seu ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do pré-candidato ao Governo de SP, o governador tucano, Rodrigo Garcia do PSDB.
O ato da direita em São Paulo se iniciou na Avenida Tiradentes e seguiu em passeata até a praça dos heróis expedicionários, próximo ao Campo de Marte, foi um ato muito grande com milhares de participantes, se bem que como mostraram alguns veículos de imprensa, havia parcela de fiéis que não apoiava os políticos ali presentes, mas o apoio popular a Bolsonaro no ato era enorme.
Os atos do fim de semana, de certa forma mostram o que as últimas pesquisas eleitorais demonstraram, que Lula é apoiado pelos maiores setores proletários, enquanto Bolsonaro é apoiado (e financiado como pode ser visto no financiamento de seus atos) pelos mais ricos.
Pesquisas mostram que Lula é o candidato da classe trabalhadora enquanto Bolsonaro é o candidato dos ricos
De acordo com recente pesquisa do Datafolha, realizada entre os dias 22 e 23 de junho, por meio de 2.556 entrevistas em todo o país, a eleição demonstra também a polarização entre as classes sociais onde as preferências na escolha de candidato a presidente variam diretamente de acordo com o grau de estabilidade financeira e de renda. A pesquisa mostra que as curvas de intenções de voto do ex-presidente Lula (PT) e do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro (PL) se invertem à medida que esses dois quesitos variam.
Lula lidera praticamente todas as pesquisas de intenção de votos no geral, em que pese as manipulações a favor da direita, na pesquisa do DataFolha, ele amplia fortemente sua vantagem em relação à Jair Bolsonaro, ao se levar em consideração apenas os chamados eleitores vulneráveis —aqueles de baixa renda e ganho instável. Jair Bolsonaro que aparece em segundo lugar, com grande distância em relação à Lula na população em geral, assume o primeiro lugar de maneira ampla, quando a pesquisa se concentra nos mais ricos e com fonte financeira mais garantida.
Esta pesquisa apresentou Lula com 47% das intenções de voto da população, frente a 28% de Bolsonaro. Entre a classe trabalhadora, setor mais populoso da pesquisa a preferência por Lula atinge 57% enquanto Bolsonaro atinge apenas um terço deste apoio, com 19%.
A pesquisa apresenta uma certa manipulação, ao colocar que na categoria acima de cinco salários mínimos, estes já se encontram na posição, segundo o DataFolha, como uma população supersegura, indiretamente procuram passar que esse setor já incluíria essa população no grupo dos mais ricos da sociedade, o que é uma manipulação. Neste quesito da pesquisa a avaliação positiva do governo federal também é mais alta do que na média da sociedade.
Os chamados superseguros (mais ricos) da pesquisa apresentada mostra que a faixa do eleitorado que mais destoa em relação ao resultado geral, soma 8% do total dos pesquisados. Nestes 8%, além da perda da liderança de Lula, os demais candidatos da direita, especificamente da terceira via tem também seu maior apoio. Aqui Bolsonaro lidera com 42% das intenções de votos estimuladas, Lula fica com 30%. Enquanto Ciro Gomes (PDT) vai a 12%, e Simone Tebet (MDB) marca 5%.
Esses dados e fatos tem que ser utilizados para alertar a esquerda em sua política passiva de achar que já ganhou, um terrível erro. Bolsonaro é o candidato dos ricos e o poder financeiro e capitalista utilizará de todos os seus recursos para derrotar Lula, como pode ser visto no investimento dos atos pró Bolsonaro neste último final de semana e na campanha de ataques do Partido da Imprensa Golpista (PIG) contra o candidato dos trabalhadores.
Para impor uma derrota à direita, a tarefa da esquerda é mobilizar a classe trabalhadora para sair às ruas aos milhares, somente assim a guerra das eleições será vencida por Luiz Inácio Lula da Silva. E esta mobilização já passa pelo próximo ato dia 12 em Brasília, onde milhares devem estar lá e gritar a plenos pulmões: Olê, olê, olê, olá Lula, Lula!