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Campanha moralista

“Bandido” e “terrorista”: acusações de direita, não de esquerda

A esquerda não pode se render aos métodos traiçoeiros da burguesia. Deve atuar politicamente visando, principalmente, a conscientização da classe operária

Neste domingo (23), o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), resistiu à prisão após trocar tiros e usar uma granada de efeito moral contra agentes da Polícia Federal. Sua prisão havia sido determinada horas antes pelo skinhead de toga, Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Jefferson já estava cumprindo prisão domiciliar após ser incluído em um Inquérito do STF, que supostamente investiga “milícias” que estariam atentando contra as “instituições democráticas”. À época de sua prisão, em 2021, o despacho de Moraes destacou as colocações de Roberto contra o judiciário, como quando ele pediu o fechamento do Supremo. Em suma, foi preso pelo que falou e defendeu, um claro ataque da burguesia à liberdade de expressão.

Então, Alexandre de Moraes, mais uma vez, determinou a prisão de Jefferson sob a acusação de que ele estaria infringindo uma série de medidas cautelares de sua sentença anterior. Dentre elas, e mote principal da decisão de Moraes, está a publicação de um vídeo com “ofensas e agressões abjetas” com “teor machista, misógino e criminoso” contra a ministra Cármen Lúcia, também do STF.

Prontamente, diversas organizações e figuras da esquerda começaram a criticar as ações de Jefferson contra os policiais, chamando o ex-deputado de coisas como “terrorista” e “bandido”.

Jair de Souza, colunista do Brasil 247, por exemplo, redigiu um artigo intitulado O que a agressão do bandido Roberto Jefferson tem a ver com o armamentismo bolsonarista?. Além disso, o coletivo Jornalistas Livres, em sua conta no Instagram, publicou uma foto que já começa com a frase “O terrorista bolsonarista Roberto Jefferson […]”. Seria essa uma posição verdadeiramente progressista?

Em primeiro lugar, é preciso ficar claro que a ação de Jefferson foi, de fato, insana. Tanto por suas colocações de baixo calão contra Carmen Lúcia – que não é nenhuma santa -, quanto por seu jogo de cena contra a sua prisão. Entretanto, ao invés de explicar a questão, qual o ponto de fazer uma campanha taxando Jefferson de terrorista e de bandido?

Já é mais do que sabido que são colocações não de esquerda, mas típicas da direita. É um vocabulário da burguesia que é utilizado, acima de qualquer coisa, contra o povo. Não é à toa que o próprio Bolsonaro chamou Jefferson de “bandido”. Qual seria a diferença, então, entre a política que a esquerda adotou, com a política da extrema-direita nacional? O próprio Jair de Souza, contraditoriamente, evidencia isso em sua coluna ao afirmar que “o bolsonarismo se empenha para que a pauta de discussão não extrapole o campo da moralidade e dos costumes.”

Finalmente, a campanha contra o terror é uma invenção do imperialismo para conter os ânimos revolucionários da classe operária. Afinal, se um operário se arma para derrubar o Estado burguês, é considerado como um terrorista. A campanha da direita contra a “bandidagem” também vai no mesmo sentido. Serve para caluniar e atacar os trabalhadores e seus direitos, algo utilizado, por exemplo, para justificar a chacina policial nas favelas.

Trata-se de uma campanha moral que mostra como a esquerda não consegue explicar politicamente os acontecimentos se desenrolando na sua frente. Por isso, precisa recorrer à política da direita. No fim, é uma “estratégia” que não vai elevar a consciência de ninguém, muito menos dos trabalhadores.

Muitos setores da esquerda, inclusive, argumentam que é algo passageiro, que é uma tática utilizada durante as eleições para eleger Lula, algo que não poderia estar mais distante da realidade. Com essa campanha de despolitização, que procura atacar Bolsonaro utilizando acusações esdrúxulas como canibalismo e pedofilia, a vitória eleitoral de Lula, caso ocorra, será extremamente frágil.

Afinal, o mundo não acaba no dia primeiro de novembro e, portanto, a luta política continua. O problema é que as bases de um eventual governo Lula, na ausência de uma política clara, estarão completamente desnorteadas pela campanha moralista da esquerda. Esta, portanto, simplesmente não conseguirá governar e, com isso, ficará à mercê da direita, que já domina completamente o Congresso.

A esquerda não pode dissolver a sua política em nome de uma mera vitória eleitoral. Deve ficar claro que as eleições não são o principal alvo da luta dos trabalhadores, mas sim, um objetivo secundário que deve ser utilizado, acima de qualquer coisa, para trazer a discussão política às massas e, assim, elevar a sua consciência enquanto classe. Precisamente o contrário do que está sendo feito neste momento.

Caso contrário, que moral terá a esquerda para se defender quando for acusada de ter feito o que de fato fez nas eleições deste ano? Será, assim como foi no passado, atacada veementemente pela imprensa capitalista por ter se rendido aos métodos traiçoeiros e grotescos da política da burguesia.

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