
O resultado das eleições presidenciais norte-americanas, realizadas em 2020, ainda é assunto controverso no cenário político dos Estados Unidos. No Texas, republicanos aprovaram uma declaração de que Biden não foi legitimamente eleito, colocando lenha na fogueira da crise de seu governo.
A resolução aprovada pelos delegados do Partido Republicano afirma categoricamente que Donald Trump, então candidato à reeleição, teria sido vítima de uma eleição roubada uma vez que houve uma “fraude eleitoral substancial nas principais áreas metropolitanas”. A declaração afirma ainda que isso “afetou significativamente os resultados em cinco estados-chave em favor de Biden”.
A seção estadual do partido rejeitou “os resultados certificados da eleição presidencial de 2020” e sustentou que “Biden não foi legitimamente eleito pelo povo dos Estados Unidos”. Membros do partido, como o Deputado Estadual Steve Toth, do condado de Montgomery, se manifestaram defendendo uma auditoria forense das eleições de 2020.
O estado do Texas é um dos mais importantes para os republicanos e o posicionamento da base eleitoral do partido na região costuma ditar a política nacional do mesmo. O fato dos membros da sigla terem aprovado uma moção alegando que as eleições de 2020 foram uma fraude e que Biden não foi legitimamente eleito mostra o tamanho da crise de seu governo.
Nos Estados Unidos, praticamente inexiste oposição. O sistema político do país é marcado pela polarização artificial entre Democratas e Republicanos, partidos que, na prática, não se diferenciam em nada, sendo ambos instrumentos do imperialismo norte-americano. Nesse sentido, a aprovação de uma moção questionando as instituições do Estado norte-americano tem um peso significativo.
A crise entre as duas legendas se dá, mais recentemente, pela tentativa da Casa Branca comandada pelos Democratas de tentar dificultar o acesso da população civil ao armamento. A medida hipócrita teve inicio após uma série de ataques com arma de fogo contra estudantes nas escolas do País.
O assunto também foi alvo do congresso estadual dos republicanos no Texas. Os delegados aprovaram uma resolução onde repreendem o senador John Cornyn, republicano do Texas, que tem participado de audiências do Comitê Judiciário do Senado sobre violência armada em Washington. As leis batizadas de “bandeira vermelha” permitiriam que armas fossem apreendidas pelo Estado de pessoas consideradas perigosas.
A legislação é chamada de abusiva e repressiva uma vez que, de acordo com a resolução dos republicanos, “viola o direito de alguém ao devido processo (legal) e são uma punição pré-crime de pessoas não julgadas ou culpadas”. Na prática, acaba com a presunção de inocência e o direito à legítima defesa abrindo um precedente para o Estado norte-americano, o mais armado do Planeta, perseguir todos que se opuserem a ele.
Os acontecimentos recentes no Texas evidenciam que o governo Biden está em completa crise. O acordo bipartidário está ruindo. A sua derrota no Afeganistão para as forças do Talibã, bem como a debilidade e o fracasso de sua resposta à ação da Rússia na Ucrânia, está fazendo sua popularidade despencar. Nem mesmo a União Europeia, seu principal aliado na OTAN, consegue suportar as investidas norte-americanas para desestabilizar os países ditos “não alinhados” e já sofre com uma crise energética sem precedentes.
Neste panorama, os republicanos se utilizam da crise instalada em Washington para impulsionar os seus próprios políticos, todos oportunistas e que tentam agora lucrar eleitoralmente com a situação. Afinal, a fraude das eleições de 2020 estava escancarada desde o princípio. Entretanto, à época, a mobilização dos republicanos em torno de Trump foi extremamente limitada. Fato que demonstra ainda mais a artificialidade da polarização entre os dois grandes partidos dos EUA.