No último dia 28, o presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, encontrou-se com o editor do WikiLeaks, o jornalista islandês Kristinn Hrafnsson, em Brasília, e posicionou-se contra a injusta prisão do jornalista Julian Assange.
Após essa manifestação, parlamentares da federação do PT enviaram uma carta ao presidente dos EUA, Joe Biden, em que manifestam seu repúdio à extradição do jornalista e ativista, preso na Inglaterra, para o país mais imperialista e interventor do mundo. Essa atitude vai ao encontro de vários apelos feitos por entidades internacionais, que se dizem defensoras da liberdade de imprensa.
Assange é acusado de 18 crimes, dentre eles, o de espionagem pela divulgação de registros militares e documentos diplomáticos confidenciais. Esses crimes, na verdade, significam atitudes fundamentais de todo jornalista, isto é, divulgar a verdade dos fatos. Sua prisão, em 2019, é, nesse sentido, um paradoxo, já que defendeu a divulgação de que os EUA espionavam, e ainda o fazem, o mundo inteiro. Interferindo em questões fundamentais de vários países, provocando e organizando golpes de Estado, inclusive no Brasil, em 2016. Esse país imperialista é que deveria ser condenado por todos os que são pressionados e manipulados pelo poder de sua influência capitalista.
Toda a movimentação em torno de Julian Assange demonstra uma revolta contra essa dominação dos norte-americanos, cujo poderio já vem diminuindo em várias regiões do planeta, como, por exemplo, o controle perdido no Afeganistão no ano passado e a dificuldade com que o imperialismo está tendo para evitar a vitória da Rússia na Ucrânia.
Uma nação que vigia seus cidadãos, que interfere sistematicamente em outros países e que persegue jornalistas e advogados que denunciam seus crimes não pode ser chamada de democrata.
Lula vem exercendo um papel de destaque no mundo desde sua eleição, e essa atitude de defesa de Assange revela que, neste momento, ele está em contradição com o imperialismo. Em sua conta oficial do Twitter, afirmou:
“Estive com @khrafnsson, editor-chefe do WikiLeaks, e com o editor Joseph Farrell, que me informaram da situação de saúde e da luta por liberdade de Julian Assange. Pedi para que enviassem minha solidariedade. Que Assange seja solto de sua injusta prisão.”
A liberdade de imprensa, a liberdade de expressão são elementos essenciais para a luta dos trabalhadores, os quais são a maioria da população de todo o mundo. Quanto mais se divulga o caráter ditatorial do imperialismo, mais facilidade terão as pessoas de comprovar tal fato por sua experiência, aumentando a consciência da exploração sofrida pelos países atrasados e colaborando para a organização de movimentos que a enfrentem.
Apesar da atitude do Lula e da carta do PT a Joe Biden, é muito pouco provável que uma movimentação dos EUA em direção à retirada de todos os processos contra Assange aconteça. O mais importante, a partir de agora, é a discussão em torno do tema e a articulação de manifestações a favor da liberdade do jornalista e da liberdade irrestrita de expressão.