Nesta terça-feira (02), a Comissão de Segurança Pública da Câmara aprovou um projeto que anistia os policiais militares processados pelo massacre do Carandiru. Agora, o texto será votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de seguir ao plenário.
À título de recapitulação, o massacre do Carandiru ocorreu no dia 02 de outubro de 1992 no complexo penitenciário Carandiru, que ficava na Zona Norte de São Paulo. Ao todo, 111 detentos, segundo os dados oficiais foram brutalmente assassinados pelas tropas da PM. Entretanto, o número é definitivamente maior segundo as próprias vítimas que saíram vivas do presídio. Os policiais, por sua vez, alegam que estavam apenas cumprindo ordens de cima para conter uma rebelião que ocorria no local.
02/10/1992: massacre no Carandiru deixa mais de cem mortos
Para se ter uma noção do tamanho da brutalidade que foi o massacre do Carandiru, sobreviventes afirmam que homens estavam sendo fuzilados aleatoriamente, presos foram jogados em um poço de elevador do quinto andar. Além disso, em determinado momento, a quantidade de sangue no chão era tamanha que chegava a bater nos joelhos dos prisioneiros. Ademais, segundo relatos, um helicóptero sobrevoava o local, atirando desenfreadamente em qualquer um que fosse para o telhado.
Dado a gravidade do fato, fica claro o absurdo que é um projeto que anistia os policiais envolvidos em uma das maiores chacinas da história do País. As declarações feitas no plenário são ainda mais ultrajantes. O relator do projeto, deputado Sargento Fahur (PSD-PR), por exemplo, chegou ao cúmulo de afirmar que os policiais militares envolvidos no massacre foram “verdadeiros heróis”. Propondo, inclusive, sua condecoração.
O ponto, aqui, é que esse projeto parte justamente da Câmara dos Deputados, um dos pilares da democracia burguesa brasileira. Aqui, então, cabe a pergunta: qual é a democracia que a esquerda está defendendo com sua declaração fajuta de “apoio à democracia”? Seria uma instituição democrática paralela?
A resposta, obviamente, é negativa. É exatamente essa democracia que a esquerda defende. Ou, em outras palavras, a ditadura da burguesia que é o regime democrático. Adiante, é precisamente a mesma democracia que manda uma tropa de policiais militares fascistas matar às centenas o povo nos presídios e nos bairros.
Finalmente, não se pode ser favorável a um sistema que oprime e massacra diariamente milhões de brasileiros em todo o mundo. Afinal, se trata de um regime controlado pela burguesia que, por definição, governa segundo os seus interesses. Interesses que, eventualmente, se polarizam e resultam em episódios grotescos como é o do Carandiru.
Nesse sentido, se a esquerda busca representar legitimamente os trabalhadores, deve fazê-lo lutando pelo fim da “democracia” que vivemos. Ou seja, lutando pela revolução operária no Brasil e no mundo. Essa é a única forma de democracia que deve ser defendida.