Nesta sexta-feira, 6, Geraldo Alckmin testou positivo para COVID-19. Dessa forma, sua presença no lançamento da pré-candidatura de Lula ocorreu por vídeo. A doença, um fato casual, mostra já no início da jornada da candidatura de Lula, quais serão as dificuldades da parceria com Alckmin. Um político tradicional da maior escória brasileira, o PSDB paulistano, com presença destacada na candidatura que deveria ser de luta do povo brasileiro para a libertação da dominação imperialista.
O lançamento da candidatura ocorreu neste sábado, 7, na central de eventos Expo Center Norte. O local já mostrou a tendência ao distanciamento popular, pela necessidade da realização de um credenciamento prévio para a participação. Em vez de realizar o lançamento como um grande ato público que mobilizasse as bases operárias da candidatura de Lula, ele foi realizado em um local de difícil acesso.
Ainda falando sobre o lançamento da pré-candidatura de Lula, destaca-se o fato de que o ex-presidente não fez um discurso espontâneo, como lhe é de costume. Dessa vez ele leu um discurso pronto e moldado para falar de coisas pouco polêmicas para a política atual, uma possível retaliação da direção petista da declaração de Lula em favor da Rússia na guerra da Ucrânia para a revista Times.
Alckmin, um peso morto em uma candidatura que deveria inflamar a população
Lula é o candidato mais popular nas eleições brasileiras de 2022. Um candidato marcado pela sua história no movimento operário, nas greves do ABC e na luta contra a ditadura. Essas características, tornam a candidatura Lula a peça chave da campanha contra o golpe de estado que levou Bolsonaro ao poder nas eleições fraudadas de 2018. Quer dizer, uma candidatura que deveria ser combativa, com a força de insuflar uma grande revolta popular.
Todas essas características, contudo, entram em contradição com a presença do vice-candidato, Alckmin, colocado na chapa como uma forma de desmobilizar setores importantes das bases petistas na luta pela candidatura de Lula. Alckmin, nesse sentido, é um peso morto que Lula se colocou a carregar nessas eleições, com a suposta contrapartida de ganhar apoio de setores importantes da burguesia paulista. Não é verdade.
Após uma briga no PSDB de São Paulo, Alckmin entrou no partido que é a sublegenda do mesmo PSDB, o PSB de São Paulo. Nesse partido, ele se colocou à disposição de Lula a uma parceria eleitoral com a suposta garantia de um apoio de setores importantes da burguesia paulista a essa mesma candidatura. Na realidade, o que se vê no cenário nacional é uma tendência da burguesia paulista de apoiar Bolsonaro, caso a terceira via não se consolide. Isso mostra que a presença de Alckmin na chapa de Lula é uma mera forma de o próprio Lula apoiar a burguesia paulista, regenerando-a politicamente, após a grande insatisfação popular com os governos do PSDB e PSB em São Paulo. A esquerda nada ganha, pelo contrário.
Alckmin é o cavalo de troia da candidatura de lula
Alckmin é uma bomba-relógio que tende a estourar na véspera das eleições. Como Lula é o grande candidato de oposição ao imperialismo, a burguesia tratou de introduzir um elemento surpresa para a campanha na própria chapa petista. Alckmin não tem nenhum compromisso com a vitória de Lula nas eleições. Na realidade, ele é o candidato que tende a apoiar a burguesia em grandes campanhas de calúnia contra o PT nas vésperas das eleições, sob o pretexto de ter sido ludibriado pela própria esquerda.
As denúncias caluniosas contra a esquerda são uma tática tradicional da direita e do imperialismo. Em eleições polarizadas como a presente no Brasil hoje, é de se esperar que todas as armas da burguesia sejam utilizadas em seu benefício.
Apenas a ação das massas pode defender a candidatura de Lula
As eleições de 2022 tendem a ser uma grande guerra política. E nessa batalha, de um lado há Bolsonaro e a terceira via, apoiados pela burguesia, de outro há Lula, cuja candidatura deve se basear apenas no apoio popular. Diferente do que a direção do PT vem declarando, o apoio da centro-esquerda e da centro-direita não é uma realidade. O PSOL e o PCdoB, assim como a dita “união das centrais sindicais” não fizeram do primeiro de maio com a presença de Lula, um grande ato de massas. Pelo contrário. O ato, realizado em um local isolado da população, foi pequeno e não teve o calor político necessário para as eleições deste ano.
Não são, nesse sentido, os conchavos feitos “por cima” que levarão a candidatura de Lula a vitória. É a luta travada de baixo, a luta por uma grande mobilização popular, que deve levar a crise politica do pais a um nível, no qual não seja possivel manobrar perante a vitória do candidato da esquerda nacionalista.