O ministro da economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, declarou-se ontem contra os ajustes salariais exigidos pelos educadores em todo o país. Os professores, após constantes lutas junto aos seus sindicatos e órgãos representativos, poderão receber um reajuste de 33% em seu piso salarial, o qual está em defasagem de acordo com os critérios previstos na Lei do Piso, de 2008. A Lei do Piso Salarial propõe um reajuste salarial anual baseado em um cálculo que considera os custos de manter um aluno na escola por ano.
Notório por seu perfil financeiro liberal, impulsionador de políticas públicas que levam o pobre trabalhador a pagar a conta do orçamento enquanto os mais ricos são agraciados com benesses estatais, o ministro declarou que não faz sentido valorizar o salário dos educadores e usou a pandemia e sua variante, a Omicron, como empecilhos:
“Se nós estávamos em home office, nós do funcionalismo, fazendo live, fazendo o distanciamento social necessário do ponto de vista de não forçarmos o sistema hospitalar. […] Se nós estávamos numa situação dessa, não faria o menor sentido os professores, em casa, fazendo aula à distância quando podiam, os alunos também em distanciamento, qual o sentido de pedir reajuste de salário?”
Como a pandemia tem sido desculpa constante do governo para privar a população de direitos básicos, não é surpreendente que Paulo Guedes, um golpista, levante essa carta para apunhalar os trabalhadores da educação pelas costas. E o ministro não tem receio de associar o suposto “sucesso” na redução de gastos estatais à precarização dos servidores públicos. À exemplo, o ministro associou o menor déficit de gastos estatais desde 2014 à constante desvalorização e retirada de direitos dos funcionários públicos. Desvalorização e retirada de direitos que apenas não atingiu juízes, militares, membros do ministério público, ou seja, servidores de alto escalão os quais têm a única finalidade de manter o bom funcionamento do estado capitalista que beneficia a burguesia e castiga os pobres.
Usando a pandemia como desculpa, Guedes continuou:
“Mesmo agora, quando temos essa crise ainda conosco nessa variante ômicron, temos que ter cuidado com os salários, porque ainda estamos em guerra e temos que pagar pela nossa guerra, em vez de empurrar os custos para as futuras gerações”
A qualidade do sistema educacional e da aprendizagem estudantil perpassa pela valorização salarial dos trabalhadores da educação, entre outros fatores. Entretanto, a política defendida pela burguesia é castigar os trabalhadores sem ajustes de salários enquanto a inflação atinge índices alarmantes.