É difícil ter acesso à informação em tempos de guerra, sobretudo quando se trata dos países diretamente envolvidos. A imprensa manipula as notícias para colocar a opinião da burguesia como certa, enquanto os veículos independentes fazem seu melhor para filtrar e retirar alguma informação verdadeira desses fatores
No conflito entre Rússia e Ucrânia estamos vendo muito disso. A imprensa “imparcial” faz sua propaganda, alterando e até mesmo inventando situações para, por exemplo, demonizar a Rússia e seu presidente, Vladimir Putin, esconder as milícias nazistas presentes no governo ucraniano e até mesmo passar a impressão de que a Rùssia estaria “perdendo de lavada” o conflito.
A entrevista recente feita com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na revista The Economist, representa claramente essa situação. Montando uma imagem de vítima dos cruéis russos, a entrevista apela mais para o lado emocional do que para a razão — tanto que deixa até mesmo informações importantes escaparem.
Entre os olhos marejados e frases icônicas como “não sou um herói”, Zelensky e os entrevistadores acabam deixando escapar uma informação relevante e que entra em contradição com aquilo divulgado até agora pela imprensa burguesa: a Ucrânia está enfraquecida e foi abandonada pelos seus “aliados”.
“Temos uma longa lista de itens que precisamos. A primeira coisa é se colocar em nosso lugar e agir preventivamente, não depois da situação ficar complicada. Isto diz respeito aos nossos países parceiros. Aqui estamos falando de sanções. Estou certo de que se sanções mais duras tivessem sido impostas antes, um ataque russo em grande escala não teria ocorrido”, afirmou Zelensky.
“[Nossos parceiros] veem a Rússia agora através de uma lente estratégico-militar e estão usando a Ucrânia como escudo. Somos nós que estamos sentindo a dor. É bom que estejam do lado da Ucrânia, mas eles precisam parar de ser defensivos no seu diálogo com a Rússia”, continuou Volodymyr.
Estes são apenas alguns trechos da entrevista que demonstram a fraqueza do regime ucraniano, e como até mesmo Zelensky, capacho do imperialismo, reconhece e se frustra com a falsa ajuda de seus “aliados”. O presidente chega até mesmo a afirmar que os líderes de países parceiros, como o presidente francês, Emmanuel Macron, têm medo da Rússia.
A situação é apresentada contraditoriamente. Ao mesmo tempo que se afirma que milhares de soldados russos estão morrendo em questão de semanas (e o Kremlin estaria escondendo esses números) e que a Rússia estaria perdida no meio do conflito, a imprensa também tem tratado o exército russo como uma força poderosíssima para que a ajuda prestada pela OTAN à Ucrânia seja justificada. Além disso, como dito por Zelensky, os países imperialistas têm medo da Rússia e usam a Ucrânia como bucha de canhão.
A Rússia tem avançado progressivamente em território ucraniano e em suas imposições contra o imperialismo, a exemplo da imposição do rublo (moeda local russa) em vez do dólar, para a compra de seu gás. O fato é que, com as jogadas da Rússia e o apoio que está recebendo de diversos outros países, apesar da propaganda imperialista, os países da OTAN têm estado cada vez mais expostos, assim como seus capachos, como o próprio Zelensky, algo que já vinha se desenvolvendo desde antes do início do conflito, com as constantes afirmações, que na realidade representavam em ameaças, sobretudo dos Estados Unidos, de que a Rússia estaria prestes a invadir a Ucrânia quando nada estava efetivamente acontecendo.