A deflagração do conflito militar no leste europeu envolvendo a Rússia e a Ucrânia tem revelado ao mundo alguns elementos e fatos curiosos, mas que não são exatamente novidade, pelo menos não para aqueles que acompanham de forma mais atenta a dinâmica da luta de classes em nível internacional.
Neste cenário, a forma como as instituições e organismos internacionais se posicionam e movimentam deve ser analisada e interpretada não à luz do chamado “direito internacional”, mas dos reais interesses materiais e da relação de forças entre os diversos atores envolvidos.
Trazendo essa caracterização para a vida real, o que se vê neste momento, no posicionamento da Organização das Nações Unidas (ONU) perante o conflito, é o retrato mais fiel da submissão deste organismo aos ditames do imperialismo. Tanto é assim que os EUA acabam de declarar 12 integrantes da missão russa na ONU como “personas non gratas”, termo que no jargão diplomático significa que essas pessoas devem deixar o país onde realizam suas atividades diplomáticas.
O representante russo na missão foi surpreendido com um comunicado: “acabei de receber informações de que as autoridades dos EUA realizaram outra ação hostil contra a Missão Russa nas Nações Unidas, violando grosseiramente seus compromissos sobre o Acordo de Países Anfitrião [da ONU-EUA] que eles empreenderam, dizendo-nos que estão anunciando 12 pessoas do pessoal da Missão Russa personae non gratae, e exigindo que eles saiam até o dia 7 de março”.
A conduta da ONU, ao aceitar a expulsão dos representantes russos exigida pelos EUA, se soma à campanha mundial que o imperialismo deflagrou contra a Rússia, e é parte da estratégia de isolamento do país, uma espécie de condenação de tudo que diz respeito à nação russa.
No entanto, não se viu e não se vê, por parte da ONU, a mesma postura rigorosa em relação aos diplomatas norte-americanos quando os EUA violam todas as mais elementares regras do direito internacional ao invadirem, bombardearem e matarem milhões de pessoas, civis indefesos, crianças, idosos e mulheres nos quatro cantos do planeta.
Está claro, portanto, que não há nenhuma suposta imparcialidade nas decisões não somente da ONU, mas naquilo que diz respeito a todas as mais importantes tomadas de decisão envolvendo os países e assuntos mais candentes da cena política internacional.
Neste sentido, é dever da classe operária mundial não somente ficar ao lado da Rússia, como não acreditar em uma só palavra na campanha de mentiras e inverdades que o imperialismo faz neste momento contra a nação russa. Esta campanha tem por objetivo fazer valer os interesses do grande capital e das potências imperialistas, que desejam subjugar os países mais frágeis e oprimidos, uma política de rapina ao redor do mundo, diante da maior e mais profunda crise histórica do capitalismo moribundo, que já não oferece mais qualquer perspectiva progressista para o conjunto da humanidade.