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Alarmismo

A esquerda que aderiu à ‘guerra ao terror’

Mania de parte da esquerda da classificar tudo como terrorismo, está assentando as bases para uma repressão ainda maior contra a classe trabalhadora.

Pisando no pescoço

‘Terroristas’, ‘prisão’, ‘punição’, ‘golpistas’, essas são palavras que não param de ser repetidas por parte da esquerda e da imprensa independente. No caso, se faz referência aos manifestantes bolsonaristas que acamparam e fazem manifestações em frente a alguns quartéis.

O futuro ministro da Defesa, Múcio Monteiro, causou indignação ao dizer que “os manifestantes acampados em frente ao Quartel General do Exército lá permanecerão na posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, se assim o desejarem”.

Ao que tudo indica, essa é a visão do próprio Lula, que não parece estar interessado em ir para o embate, prefere dialogar para retirar as pessoas dali, e é uma visão correta.

Isso de ficar chamando os manifestantes de “terroristas amotinados em frente ao QG do Exército” é um erro. Se um jornalista reclama, com razão, de que militantes do MST, professores, sindicalistas etc., não recebem semelhante tratamento, de que seriam reprimidos, não pode exigir que se reprima manifestações de um outro grupo pelo simples fato de tratar de um adversário político.

É uma ilusão acreditar que o Exército, ou as polícias, recheadas de bolsonaristas, venham a reprimir outros bolsonaristas. Toda essa gritaria exigindo repressão apenas vai contribuir para que o ambiente se torne ainda mais direitizado. Gritar, hoje, que bloquear uma estrada é uma ação terrorista, só vai dar munição para que o Estado atue ainda com maior rigor contra os movimentos como o MST.

A Constituição prevê a liberdade de manifestação, os bolsonaristas estão se manifestando, gostemos ou não de suas reivindicações. É um erro chamar essas manifestações de golpistas. Em 2016, por exemplo, a direita, com a participação do Judiciário, das Forças Armadas, tudo isso a mando do imperialismo, inventou uma desculpa e apeou Dilma Rousseff da presidência da República.

Não houve tanques nas ruas, mas as FAs estavam lá, caso fosse necessário, o que ficou evidente na ameaça de general Augusto Heleno ordenando ao Supremo que pusesse Lula na cadeia e o impedisse de concorrer à presidência. Isso é um golpe, ainda que nessa nova modalidade, que se convencionou chamar de ‘golpe branco’, apareça principalmente a cara do Judiciário. No Peru, por exemplo, onde Castillo tentou antecipar um golpe que contra ele se formava, as forças armadas logo saíram às ruas para reprimir a população e garantir o golpe.

Guerra ao terror

A esquerda aderiu à ‘guerra ao terror’, essa política ultrarreacionária do governo Bush. Não faz muito tempo, e vimos matérias na imprensa alternativa afirmando que caminhões de bolsonaristas que bloqueavam estradas foram usados no tráfico de drogas. Ou seja, é uma aderência completa ao que há de mais reacionário na direita. Foi com a desculpa de combater o terror e as drogas que se cometeram os piores crimes.

A crítica à invasão do Capitólio por manifestantes ‘trumpistas’, a caracterização dessas pessoas como sendo golpistas, terroristas, apenas serviu para defender o quê? Nada menos que o governo Biden, o sujeito que foi vice de Obama ajudou a planejar o golpe de 2016. Biden é o indivíduo que está promovendo essa tragédia contra o povo ucraniano, ao ameaçar a Rússia com a adesão da Ucrânia à OTAN. A operação militar se prolonga por decisão dos EUA de enviarem mais armas e exigirem que a União Europeia faça o mesmo.

Se um jornalista reclama que nenhum ‘terrorista’ que colocou fogo em ônibus em Brasília no dia 12 de dezembro ainda foi preso, qual será sua postura com relação a Gabriel Boric quanto a não soltar os presos políticos? Deve ser de aprovação.

Colocar fogo em ônibus é terrorismo? E quebrar o vidro de um banco? É tudo o que a grande imprensa deseja, chamar manifestantes de esquerda de terroristas para que a Justiça brasileira puna com rigor quem atentar contra a santidade de uma vidraça de um banco.

Dino

A imprensa de esquerda pede alguma atitude de Flávio Dino, futuro ministro da Justiça. Ora, esse senhor já andou dando bolas fora e teve que voltar atrás em nomeações em decorrência de péssima repercussão. Múcio e Dino estiveram reunidos com o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira “para tratar do terrorismo que ameaça o país”. Isso é outro péssimo sinal. Não existe de fato um terrorismo nos ameaçando, mas a histeria em torno desse tema está preparando as bases para que no futuro se reprima com ainda mais intensidade a esquerda.

É a esquerda que vai sofrer as consequências. Depositar fé em Flávio Dino não é também uma boa ideia, não podemos esquecer que se trata de um político do PSB, ou PsdoB, como se costuma brincar, por se tratar de praticamente uma sucursal do PSDB. E todos sabemos que os tucanos são ótimos em reprimir trabalhadores.

Derrotar o fascismo

Como dizem, a ‘guerra fascista contra a democracia não acabou’. No entanto, não será o Estado burguês que derrotará o fascismo, pois esse é justamente um dos trunfos que a burguesia tem contra a classe trabalhadora.

O que estamos vendo não tem nada a ver com Riocentro, a tentativa de atentado de 1981. Agora, a derrota do fascismo só poderá ser vitoriosa com o fortalecimento da esquerda.

Se as pessoas se acovardarem, se ficarem escondidas debaixo da cama. Ou, como já se vem questionando na imprensa de esquerda, se a posse de Lula deveria ser mesmo ao ar livre. Essas atitudes apenas farão com que a direita avance.

A esquerda tem que gastar suas energias fortalecendo os Comitês de Luta, organizando a classe trabalhadora, é isso que fará a direita recuar.

Pedir repressão terá apenas um único efeito: colocar a esquerda sob as botas do Estado burguês.

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