Cidadãos comuns, artistas, imigrantes, órgãos de imprensa, aplicativos de mensagens, a cultura e história russas são alvos de uma intensa campanha do imperialismo. É o que podemos chamar de “cancelamento” da Rússia no mundo real, colocando em prática os mais loucos desejos dos que se acostumaram com a política do “cancelamento” nas redes sociais.
Em Paris, segundo matéria do EuroNews, houve vários atos de vandalismo contra igrejas ortodoxas russas. Na capital da Irlanda, Dublin, no dia 7 de março, um homem avançou com um caminhão contra a embaixada da Rússia. Na República Tcheca, uma rede de hotéis está impedindo de hospedar cidadãos russos e da Bielorrúsia. Já chegaram ao absurdo de perseguir estudantes em uma universidade de Praga, após convocação de um professor! Na Bélgica, estudantes russos não estão tendo mais apoio financeiro.
Nas artes, a Filarmônica de Cardiff, originária do País de Gales, retirou de seu programa a peça ‘1812 Overture’, de Tchaikovisky. A alegação para o cancelamento foi que estava “inapropriada desta vez”. Até um pianista de 20 anos, Alexander Malofeev, teve sua apresentação cancelada na Orquestra Sinfônica de Montreal. O pianista, inclusive, tinha declarado ser contra a guerra, mas ainda assim foi censurado. Segundo Malofeev, o ódio está indo em todas as direções, mas ele “ainda acredita que a cultura e a música russa especificamente não devem ser manchadas pela tragédia em curso”.
Os capachos do imperialsimo não estão apenas condenando hipocritamente a guerra da Ucrânia, mas começam a por em prática uma grande operação contra a nação russa. Segundo Nathan J. Robinson, em artigo publicado na revista Current Affairs, “julgar alguém pelo país em que nasceu ao invés da posição que assume na guerra é intolerância nacionalista”. “Prejudicar a carreira de um pianista de 20 anos, embora ele tenha condenado a guerra, é sem sentido. Temos que ter cuidado com atos de culpa e punição coletivas, porque muitas vezes são cruéis e injustificados”.
Além dessa armação ao redor do mundo, vemos cenas grotescas como norte-americanos jogando vodca no chão e até restaurantes parando de servir strogonoff, etc.
A imprensa capitalista, seguindo o governo norte-americano, acusa o governo Putin de possuir aspirações imperialistas. Não têm como provar como um país que não comanda a economia mundial, que é exportador de matéria-prima, pode ser imperialista. A violenta perseguição que a Rússia vem sofrendo na economia e na cultura mostra o contrário. Em momento nenhum os Estados Unidos foram censurados ou sofreram retaliações por suas centenas de guerras sangrentas e sem a autorização dos órgãos internacionais.
A esquerda deve ser solidária à Rússia, pois a perseguição que os russos estão sofrendo agora será transferida para outras nações como China e Brasil. A omissão, o silêncio, o não denunciar os crimes dos EUA e potências aliadas, a neutralidade diante do conflito (nem Putin, nem OTAN) é a colaboração com o regime opressor do imperialismo. A esquerda pequeno-burguesa diz ser contra a guerra. Não percebem, mas estão se alinhando com os EUA e a OTAN na luta contra um país oprimido. Mais ainda: estão se alinhando com a barbaridade cultural do “cancelamento” russo, reproduzindo a propaganda de guerra do imperialismo.