Nessa terça-feira, dia 1º, o MTST divulgou uma nota pelas redes sociais afirmando que seus integrantes iriam desbloquear as rodovias. Segundo coluna da jornalista Monica Bergamo para a Folha de S. Paulo, “os militantes estão sendo orientados a não entrar em confrontos com bolsonaristas, mas sim retirar os materiais que eles colocaram nas vias para impedir o trânsito de veículos.”
Como sempre, a Folha fazendo propaganda das bravatas de Guilherme Boulos.Bravata porque quem conhece os militantes do PSOL, sabe que eles não vão enfrentar nenhum caminhoneiro. Mas esse nem é o principal problema.
A política do MTST não é correta. É uma política que procura colocar uma parcela dos trabalhadores contra outra parcela dos trabalhadores. A manifestação dos caminhoneiros, apesar do claro conteúdo reacionário, é legítima. Eles têm direito de se manifestar.
Aqui não se trata de concordar com o teor ideológico da manifestação, mas compreender que a manifestação deve ser encarada como tal. Primeiro, a esquerda não deve aplaudir o uso da repressão policial para ataca os bloqueios. É colocar a corda no próprio pescoço. Dar mais poderes para a polícia reprimir uma manifestação, é abrir o caminho para que a esquerda seja reprimida pelos mesmos motivos.
No caso do MTST o erro está justamente em tratar os caminhoneiros como um setor da população. Ao invés de entrar em confronto, a o correto seria mostrar para esses caminhoneiros que na verdade é a esquerda que defende os interesses dessa categoria de trabalhadores.
Aqui, não se trata de criticar algumas ações espontâneas divulgadas na internet de trabalhadores que desobstruíram alguns bloqueios. É natural que um grupo de trabalhadores decida enfrentar um grupo de direita.
Mas o caso de um movimento organizado como o MTST é diferente. A organização não pode fazer o papel de polícia. Precisa iniciar uma conversa com essa parcela da classe trabalhadora. Precisa mostrar que a esquerda defende os interesses econômicos e os direitos políticos desse setor, mais ainda, que a esquerda defende muito mais do que o próprio Bolsonaro.
A esquerda não deve hostilizar trabalhadores, mas ganhar para as suas posições. Defender a repressão é entregar de vez nas mãos de Bolsonaro uma categoria grande de trabalhadores. Não é papel da esquerda fazer papel de polícia. A polícia, inclusive, está reprimindo os caminhoneiros como reprime as manifestações da esquerda.
A esquerda deve estar atenta a qualquer tentativa real de golpe de Estado, mas não deve confundir as manifestações políticas dos bolsonaristas, por mais reacionárias que sejam, com o golpe.