A direita se fortalece no Congresso e prepara novos golpes

O fechamento da chamada janela partidária, na última sexta (1º de abril), expressou a crise da burguesia golpista e das suas máfias políticas e movimentação das forças direitistas em torno das eleições e de novos golpes contra os trabalhadores.

Por cerca de um mês esteve aberto um verdadeiro leilão de compra e venda de deputado em que se permite a “infidelidade” a políticos para que abandonem as legendas pelas quais se elegeram em votação proporcional, na qual em 99% dos casos os parlamentares dependeram do voto atribuído à chapa do partido, na forma do voto de legenda ou no somatório do voto de outras dezenas de candidatos, para passarem a outros partidos que lhes ofereçam melhores condições eleitorais (verbas e outras vantagens). Isso tudo é claro, muitas vezes disfarçado de proximidades ideológicas, de propostas etc.

Neste mercado de compra e venda de deputados, no parlamento – acertadamente – apontado pelo ex-residente Luiz Inácio Lula da Silva como o Congresso Nacional que:

“nunca esteve tão deformado como está agora. Nunca esteve tão antipovo, tão submisso aos interesses antinacionais. É talvez o pior Congresso que já tivemos na história do Brasil”

quem sai relativamente fortalecido foi a ala da direita – neste momento – mais alinhada com o governo Bolsonaro, o Centrão, cujos partidos ampliaram suas bancadas na Câmara se fortalecendo – em alguma medida –  para a campanha eleitoral deste ano, em aspectos como maior recebimento de recursos do fundo eleitoral, mais tempo na TV para seus candidatos, etc.

Fortalecimento do bolsonarismo

O Partido Liberal (PL) , legenda que há quatro meses abriga o presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro, por exemplo, foi alçado à condição de maior partido da Câmara dos Deputados, saltando de 42 deputados para 73.

Outros dois partidos da base de governo bolsonarista, o PP e Republicanos tiveram crescimento expressivo na reta final das negociações: o PP passou de 43 para 50 representantes; por sua vez,  o Republicanos acrescentou 12 cadeiras na sua bancada, totalizando 45 deputados.

A estimativa é que, se mantidas, os alinhamentos atuais, Bolsonaro chegaria às eleições com o apoio de mais de 190 deputados (mais de um terço do total), somando-se o voto de outras pequenas legendas. Um resultado significativo, para quem concorreu em 2018, com o apoio de dois inexpressivos partidos e com 8 segundos no programa eleitoral “gratuito”. 

A crise da terceira via

Em meio a um quadro de crise geral da direita tradicional que busca estruturar a chamada “terceira via”, com o propósito de tirar Lula da disputa e impor ao Pais uma terceira etapa do golpe sob o comando das forças mais tradicionais da direita pró-imperialista, esse setor viu boas parte de suas tropas debandarem, ao menos momentaneamente para o bolsonarismo, refletindo as dificuldades para um entendimento das diversas fações da burguesia  diante do agravamento da crise.

O PSDB, partido que liderou a burguesia golpista ao longo das últimas décadas e que hoje – dividido – tem os pré-candidatos à presidência, João Doria e Eduardo Leite, entrou na janela partidária com 31 deputados e saiu com 25 (quase 25% a menos), passando a ocupar a oitava posição no total de deputados.

 Seu “fiel escudeiro”, o DEM fundiu-se com o PSL (ex-partido de Bolsonaro) no União Brasil (UB), que chegou a contar nominalmente com 81 deputados, antes da janela. O UB foi o recordista nominal de perdas: saíram do partido 45 deputados, sobrando 36 na legenda, o que o coloca em quarto lugar.

Outras grandes máquinas da direita também murcharam ou estacionam e perderam a presença parlamentar que detinha. O  MDB, por décadas o partido com maior bancada no Congresso, perdeu um deputado e ficou com 33 parlamentares, passando a ser a sétima bancada. O PTB, que janeiro vinha retrocedendo nos últimos anos, perdeu 40% de sua bancada, passando a contar com seis deputados. 

A esquerda patina

Nos partidos burgueses que procuram se apresentar como centro-esquerda e que atuam em favor da frente ampla com a burguesia, o retrocesso em número de deputados também se verificou. O PSB passou de 30 para 25 deputados e o PDT, de Ciro Gomes, de 25 para 19 parlamentares; evidenciando que sua candidatura serve à burguesia apenas com um propósito secundário: tirar votos de Lula para ajudar a eleger outro candidato de confiança do grande capital.

O PT manteve-se na segunda posição, em relação ao número de deputados,  com um total de 56 parlamentares, depois de perder uma deputada, Marília Arraes (PE), e ganhar outros quatro.

Os demais partidos da esquerda parlamentar, retrocederam. O PSOL perdeu um deputado (para o PDT, no Rio de Janeiro) e o PCdoB, três. (Sobre o balanço da esquerda, leia matéria nessa edição).

Quem participou do “troca-troca” na Câmara dos Deputados

De um total de 513 parlamentares, 132 (cerca de 26%) trocaram de partidos. Veja a lista abaixo: