Desde antes das eleições iniciarem, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), agora também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), declarou que iria combater a tudo e a todos que “ameaçassem” a democracia, com ataques e com as chamadas “fake news“, durante o processo eleitoral. Até mesmo dar voz de prisão aos supostos criminosos seria uma das alternativas tomadas por Alexandre de Moraes e o TSE de conjunto durante esse período.
No entanto, as eleições começaram e, agora, sobretudo no segundo turno, no qual a luta entre Lula e Bolsonaro apenas se acirra, seja no campo da política ou no das mentiras e falcatruas, a censura do TSE, anunciada anteriormente, tem servido para tudo, menos para conter a fraude eleitoral.
Recentemente, Alexandre de Moraes deu voz de prisão a Roberto Jefferson, que já estava em prisão domiciliar. O fascista foi preso pelo estranho crime de proferir xingamentos à mãe de uma das ministras do STF. A ação gerou grande repercussão, mas serviu muito mais como uma encenação do STF/TSE do que como qualquer verdadeira operação de combate à manipulação que está sendo realizada nas eleições.
Roberto Jefferson é peixe pequeno, uma figura secundária da política nacional. Um apoiador de Bolsonaro, fato, mas uma pessoa de menor importância na luta política a ser travada. Com a mesma dureza que o TSE age contra Roberto Jefferson, os tribunais agem contra a denúncia de cortes no salário mínimos feitas pelo Partido dos Trabalhadores em seu programa eleitoral, denunciando a operação de Bolsonaro e Paulo Guedes. Além disso, cada vez mais, figuras públicas vêm sendo censuradas nas redes sociais por supostamente propagarem “fake news“, sobretudo na esquerda petista.
Os casos de censura contra a esquerda vêm se desenvolvendo rapidamente desde a censura realizada contra o Partido da Causa Operária (PCO), que teve todas as suas redes sociais tiradas do ar por tempo indeterminado. As portas foram abertas, no entanto, apenas para a esquerda e para figuras secundárias do bolsonarismo.
Revelando uma verdadeira confusão na esquerda nacional, mais de 700 jornalistas, com o apoio da esquerda e em nome de uma defesa à candidatura de Lula, publicaram um manifesto em defesa da “verdade”. No manifesto em questão, os jornalistas denunciam Bolsonaro e sua política de defesa da ditadura militar e das torturas, e fazem campanha contra a corrupção realizada em seu governo, principalmente, o esquema das “rachadinhas”.
Contudo, o ponto fundamental no documento deixa claro o atraso político do grupo. Os jornalistas e a esquerda pequeno-burguesa afirmam não compactuarem com que “a liberdade de expressão seja distorcida para permitir a prevalência de mentiras na campanha eleitoral”. Ou seja, que haveria um suposto limite à liberdade de expressão e que esse limite estaria presente onde começa a “mentira”.
Como “mentir” tornou-se crime, inclusive para prisão, os criadores do manifesto ainda afirmam que entendem e apoiam o “esforço do Tribunal Superior Eleitoral para coibir a interferência danosa das fake news nas eleições, respeitados os limites da Constituição e da lei”. No mesmo documento, fala-se em repudiar “toda e qualquer forma de censura”, mas “por isso apoiamos o esforço do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para coibir a interferência danosa das fake news nas eleições, respeitados os limites da Constituição e da lei”. E concluem dizendo que “reiteramos o apoio ao TSE e cobramos das grandes plataformas digitais maior empenho no combate às fake news para termos eleições limpas, livres e seguras”, apresentando de maneira acabada toda a confusão política presente na esquerda nacional nos dias de hoje.
Porém, enquanto ainda há setores da esquerda que nutrem a ilusão com o STF e TSE, mesmo sendo cada vez mais esmagados pelos mesmos, o judiciário simplesmente desapareceu quando se diz respeito ao maior escândalo de toda a eleição: a enorme fraude eleitoral organizada por Bolsonaro e os capitalistas, com a compra de votos e coerção de milhões de trabalhadores.
Enquanto dia após dia as denuncias de trabalhadores contra seus patrões a respeito de casos de coerção se multiplicam, o TSE nada faz a respeito do assunto. Restam apenas três dias para o fim do segundo turno das eleições e, logo, para a decisão crucial entre Lula e Bolsonaro. O candidato dos golpistas, com todo o apoio da burguesia, vem organizando esta enorme fraude, mas onde está o TSE?
Aparentemente, o grande combate à fraude a ser realizado pelo TSE nessas eleições é atacar a esquerda e figuras secundárias do bolsonarismo. Enquanto a cena é montada, Bolsonaro realiza um dos maiores casos de estelionato eleitoral da história brasileira.