Nas eleições de 2022, o Partido da Causa Operária tomou mais uma decisão que se mostrou muito acertada: lançar um candidato indígena Guarani para concorrer ao governo do estado do Mato Grosso do Sul, o índio Guarani Magno Souza.
A decisão do PCO se deu devido a importância da luta pela terra dos indígenas no estado onde há violência contra os indígenas atinge patamares altíssimos e que se agrava a cada ano. O Mato Grosso do Sul é um estado controlado diretamente pelo latifúndio e que tem expoentes da política nacional repugnantes e que são apresentados como ‘democratas’ e ‘civilizados’ para a burguesia nacional. São eles, as candidatas a presidente Simone Tebet e Soraya Thronicke, da Ministra da Agricultura Tereza Cristina, do ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, entre muitos outros.
Os latifundiários, que controlam o estado, transformaram o Mato Grosso do Sul em uma ditadura com características fascistas contra os indígenas e trabalhadores sem-terra (que possuem uma expressão menor no estado) para impedir a luta pela terra e a reforma agrária para resolver a questão da terra. Dados de 2021 apresentados pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o Mato Grosso do Sul é o segundo estado em casos de assassinatos de indígenas do Brasil e praticamente todos os anos está entre os que mais matam.
Uma parte desses assassinatos é resultado das condições de pobreza extrema dos índios colocadas pela política dos latifundiários e outra é assassinatos direto na luta pela terra por pistoleiros e as forças policiais contratadas pelo latifúndio ou direcionadas pelo governo do estado.
Neste ano já foram cinco indígenas assassinados em decorrência da luta pela terra e vários ataques como o que ficou conhecido como Massacre do Guapoy, onde a Polícia Militar enviada pelo governo do PSDB atacou os índios Guarani que estavam numa retomada no município de Amambai e deixou dois mortos, vários gravemente feridos e um clima de terror na região.
Para denunciar e enfrentar essa situação foi apresentado como candidato ao governo, um companheiro que representa a luta real dos índios do estado. O companheiro Magno Souza é um representante dessa proposta porque faz parte do Comitê de Luta Guarani Caiouá de Dourados, que organiza a luta pela terra dentro das retomadas da cidade e também tenta melhorar as condições dos índios que lutam por um pedaço de terra, como arrecadação de cestas básicas, geradores de energia, abrir poços entre muitas outras coisas que fortalecem as retomadas.
A candidatura e as propostas apresentadas, por exemplo na dissolução da polícia militar, armamento dos índios e demarcação imediata de todas as terras indígenas foi muito bem aceita dentro das aldeias e retomadas indígenas de todo o estado e um enorme sucesso nos debates eleitorais.
A campanha ficou concentrada nas áreas de retomada e de grande conflito com os latifundiários. Foram visitadas dezenas de retomadas e aldeias, incluindo um grande comício dentro da Retomada Guapoy, onde pouco meses antes ocorreu um massacre organizado pela polícia militar. Os municípios de Dourados, Aral Moreira, Tacuru, Coronel Sapucaia, Caarapó e Amambai palco de grandes conflitos foram organizadas atividades de panfletagens, comícios e conversas para explicar as propostas da candidatura.
Em todos os locais foram muito bem recebidos, com contribuições financeiras para a campanha e também ajudando de maneira espontânea para distribuir os materiais eleitorais e as propostas.
Foram centenas de contatos com lideranças e indígenas que estavam dispostos a ajudar na campanha, denunciar os crimes do latifúndio e organizar uma luta efetiva através de reivindicações nas quais os índios fazem e não de pautas apresentadas pelo imperialismo, como a defesa abstrata do meio ambiente ou contrária aos interesses nacionais.
Esse trabalho resultou em uma pauta de reivindicações reais dos índios, em particular do povo Guarani-Caiuá, onde foram ouvidas as reivindicações, observações realizadas na situação diária dos índios, problemas apresentados por lideranças de retomadas e aldeias, e que estavam na ordem do dia para resolução dos problemas indígenas e na melhora de vida em questões materiais.
A ação foi tão importante e com bons resultados que o PCO foi convidado a participar da principal organização dos índios Guarani-Caiouá, a grande Assembleia Aty Guassu, que discutiu os rumos do movimento indígena no Mato Grosso do Sul e diante do governo Lula. Houve até mesmo um espaço para discussão sobre o PCO e as possibilidade de luta em conjunto para o próximo período com as principais lideranças Guarani.
Foram realizadas a filiação e incorporação de indígenas que se identificaram e estão dispostos a construir o partido e a luta dentro do estado do Mato Grosso do Sul e a formação do coletivo de índios Terra Vermelha para discussão de temas relevantes a questão indígena e para a publicação de um jornal de mesmo nome para distribuição nacional.
Para saber mais sobre o trabalho do PCO entre os índios no Mato Grosso do Sul leia as matérias abaixo:
“Magno Souza foi o candidato da retomada e da autodemarcação”
https://causaoperaria.org.br/2022/magno-souza-foi-o-candidato-da-retomada-e-da-autodemarcacao/
Uma proposta dos índios para o governo Lula