Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a contaminação por agrotóxicos aumentou 161,3% nos seis primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2021. A pesquisa da CPT mostra que 5.637 famílias nos assentamentos ou acampamentos foram afetadas.
Em Nova Santa Rita, município no Rio Grande do Sul, os assentados tiveram que descartar a maior parte da sua produção pela contaminação por meio de pulverização aérea de agrotóxicos em lavouras próximas, entre 70% a 100%, perdendo também a certificação de produção orgânica de seus alimentos. A contaminação afeta as águas e os alimentos produzidos, além da saúde de quem consome o alimento produzido.
Em 2021, o Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF4) proibiu as fazendas da região de pulverizar agrotóxicos, determinação que também foi adotada pela prefeitura local, mas não foi respeitada pelos latifundiários. Isso mostra que a política do latifúndio não leva em conta o bem-estar do povo brasileiro.
Este é um dos motivos que levaram ao crescimento dos conflitos no campo. Só na primeira metade do ano, a Comissão registrou 759 ocorrências de conflitos no campo no País, envolvendo 113.654 famílias. Os números correspondem a 601 ocorrências de conflitos por terra, 105 de conflitos pela água, 42 de conflitos trabalhistas, sendo 41 casos de trabalho escravo, 10 de conflitos em tempos de seca e uma de conflito em área de garimpo. Além de 33 assassinatos, sendo 25 no primeiro semestre. Cinco mulheres foram assassinadas, maior número registrado desde 2016.
Por isso, é necessária uma política para acabar com o latifúndio, para atender aos interesses da população brasileira e para acabar com o extermínio dos camponeses. Isso, ao mesmo tempo, acabaria com o monopólio sobre a terra e permitiria a utilização de terras atualmente improdutivas sequestradas pela especulação.
Finalmente, se a produção do campo for organizada pelo Estado, esse tipo de coisa para de acontecer, pois o uso de agrotóxicos e similares passa a ser feito de maneira consciente, planeada. O fim do latifúndio é fundamental para o desenvolvimento econômico do Brasil, desta forma, passamos de um modelo de produção atrasado para um modelo mais diversificado de produção, abastecendo o mercado interno brasileiro e, portanto, sua economia capitalista. Isso deve acontecer ao mesmo tempo em que o Estado realize uma série de políticas para industrializar a produção rural – levando-a ao patamar capitalista desenvolvido.
O latifúndio, além de manter as terras improdutivas, também tem uma política reacionária, vinculada ao imperialismo, de favorecer exportações em detrimento do mercado interno. Este ano, o País atingiu a marca de 125 milhões que não têm o que comer todos os dias e 33 milhões passando fome, maior número desde a era FHC. O Brasil tem a capacidade de produzir tudo e suprir as necessidades do povo brasileiro e, aí sim, exportar.
O governo Lula precisa governar para quem o elegeu: o povo brasileiro. Diante das pressões da burguesia, que vai tentar minar seu governo, é necessário mobilizar a população em torno de uma política de esquerda, contra o latifúndio, setor extremamente atrasado que adota uma política de exportação sem levar em conta as necessidades internas.