Há exatos 110 anos nascia, no interior de Pernambuco, Luiz Gonzaga, o Gonzagão ou, melhor ainda, o Rei do Baião. Um dos mais importantes músicos que já tivemos, que levou para o Brasil afora a cultura musical e a realidade do nordeste. Suas obras narram com vigor também a pobreza e as dificuldades do povo do sertão.
Luiz Gonzaga aprendeu quando criança a tocar acordeão com seu pai, que trabalhava na lavoura em uma fazenda, mas que nas horas vagas tocava e consertava o instrumento. Cedo ele passou a se apresentar em bailes e forrós ao lado do pai e aos 13 anos já era convidado para fazer shows sozinho.
Antes mesmo de completar 18 anos, Luiz Gonzaga deixou sua cidade natal depois de se apaixonar pela filha de um coronel, que não aceitou o casamento. Seguiu para o Ceará, primeiro para o Crato e em seguida para Fortaleza, onde ingressou no exército em 1930. Ficou no exército por nove anos e depois foi para o Rio de Janeiro, onde se dedicou exclusivamente à música. Anos depois essa história toda foi retratada por ele na música ¨Respeita Januário¨.
Sua música tem raízes no sertão nordestino, mas ecoa em todo brasilerio, quem nunca cantarolou ¨Quando oiei a terra ardendo / Qual fogueira de São João /Eu perguntei a Deus do céu, uai / Por que tamanha judiação?¨, a canção Asa Branca (1947), uma de suas canções mais conhecidas e que é cantada até hoje, assim como muitas outras, como “Baião de Dois” (1950) ou o ¨O Cheiro de Carolina¨ (1956).
Foi a sua grande admiração por Lampião, líder dos cangaceiros, que inspirou os trajes de show do Rei do Baião, passando a ser uma de suas marcas registradas junto com o seu inseparável acordeão. Seu filho, Gonzaguinha, também se tornou músico. Os dois juntos fizeram composições e turnês pelo Brasil.
O Rei do Baião morreu em 1989, mas sua música não abandonou o povo, mas continua marcando fortemente a cultura brasileira e sendo influência para as novas gerações. Um artista que vem do povo e faz uma música que fala da vida e das lutas do povo mais oprimidos deve ser celebrado.
