O golpe de Estado de 2016, perpetrado contra o governo eleito democraticamente pelo voto popular, provocou uma verdadeira devastação não somente do ponto de vista da liquidação das conquistas dos trabalhadores e dos direitos sociais das massas populares, mas inaugurou no País uma etapa de total destruição do patrimônio estatal público, provavelmente similar apenas ao que o governo pró-imperialista de FHC realizou em matéria de ataque à economia nacional.
Quase todos os dias vemos a imprensa reacionária comprometida com o golpe e a política de rapina do grande capital fazer campanha a favor de mais ataques aos trabalhadores, já barbaramente atacados em suas condições de vida e trabalho. Essa mesma imprensa trabalha de forma incessante cobrando do governo mais cortes no orçamento público (além dos que já foram feitos com a PEC 95) e nos programas sociais, supostamente para conter os gastos do Estado e assim evitar a ascendente inflação, como se fosse esse o problema do descontrole inflacionário.
Nesse momento, o alvo da sanha ensandecida do governo Bolsonaro e do seu ministro liberal-privatista, Paulo “offshore” Guedes são as estatais mais lucrativas, objeto da cobiça dos capitalistas sanguessugas que desejam abocanhar, por um preço vil, os atrativos serviços executados por essas empresas, como é o caso da Petrobras, da Eletrobrás, dos Correios, da Caixa Econômica e outras. O que está em curso, portanto, é um verdadeiro leilão da economia através da “privatização” (leia-se entrega) dos ativos nacionais.
No terreno da luta contra esta política de terra arrasada, não se vê nenhuma iniciativa séria e consequente – por mínima que seja – por parte da esquerda nacional, que simplesmente abandonou (se é que algum dia já teve) qualquer ideia de luta contra as privatizações e pela manutenção das principais empresas brasileiras sob o controle do Estado. Nas manifestações e atos de protesto pelo “Fora Bolsonaro” que ocorrem desde maio, quase não se fala sobre a matéria nos discursos vazios e abstratos das “lideranças” de esquerda.
Desta forma, coloca-se como urgente e necessário, no plano imediato, o compromisso de lutar contra a entrega das estatais ao capital estrangeiro. A candidatura com força e popularidade para vencer as eleições em 2022, derrotando a extrema direita e a direita liberal dita “democrática e civilizada”, é a do ex-presidente Lula, a maior liderança operária e popular do País.
Neste sentido, um eventual governo Lula deve assumir claramente o compromisso de estatizar os setores estratégicos da economia (bancos) e os serviços essenciais prestados à população (saúde, educação, etc), assim como devolver para sob o controle do Estado todas as empresas nacionais fraudulentamente privatizadas.
O ex-presidente vem recebendo o maciço apoio dos trabalhadores, nas pesquisas de intenção de voto e também nas ruas, por onde passa, apoio que vem justamente dos setores mais pobres e sofridos do País, que espera de um futuro governo petista ações no sentido de reverter todo o quadro de tragédia e catástrofe social para o qual o Brasil está sendo arrastado em função do golpe de Estado e da política antipopular e antinacional do governo criminoso de Jair Bolsonaro.