Como não poderia deixar de ser, a crise do tradicional clube paulista dentro e fora de campo tem repercutido dentro da sua gigantesca torcida. No último dia 31/7, várias organizadas do Corinthians realizaram mais um protesto em frente ao Parque São Jorge em São Paulo. Os torcedores não pouparam críticas aos gestores e profissionais do clube, com gritos como “Fora todo mundo! Diretoria omissa, elenco vagabundo!” e “o Corinthians é do povo e não de empresário, bando de ratazana, vai pra casa do c…”.
Outro grito que teve grande destaque foi “ô ô ôooo voto pro fiel torcedor!”. Unidas em torno do movimento “Salve o Corinthians”, as torcidas trouxeram como primeiro item na pauta de reivindicações o direito de voto para o Fiel Torcedor, uma estratégia para ampliar o colégio eleitoral do clube. A demanda não é nova, a Gaviões da Fiel já se manifestou diversas vezes nesse sentido em reuniões com a diretoria, notas oficiais e protestos. Não por acaso, o clube tem atualmente instituída uma Comissão para Reforma Estatutária e a questão do direito de voto está no centro da discussão.
O Fiel Torcedor é um programa de sócios torcedores criado pelo clube para a venda de ingressos e ações promocionais e já reuniu mais de 100 mil sócios, contando atualmente com algumas dezenas de milhares de torcedores. Nas últimas eleições, o número total de votos, restrito aos sócios, foi de apenas 2.873. Em outros clubes, o colégio eleitoral é ainda menor.
É preciso deixar claro que a reivindicação é justa, porém ainda limitada. Só a Gaviões da Fiel já conta com mais sócios do que o programa Fiel Torcedor atualmente. Juntando todas as organizadas do Corinthians e os sócios torcedores do programa teríamos um universo muito mais representativo nesse cenário eleitoral do clube.
Os torcedores são os maiores interessados no sucesso do clube. A demanda por participar das decisões que envolvem seu clube de coração é uma reivindicação democrática. Os torcedores não apenas devem ter direito de voto, como devem participar diretamente das decisões importantes que o clube toma.
A continuidade do grupo ligado ao ex-presidente Andrés Sanches na diretoria após o processo eleitoral no final de 2020 expôs a contradição entre a vontade da torcida e os mecanismos políticos internos do clube. Justamente por contar com uma torcida tão grande, o Corinthians movimenta muito dinheiro, mas enquanto alguns empresários lucram alto, o clube se afunda em dívidas e péssimas campanhas nos campeonatos.
É preciso lutar pelo controle popular dos clubes de futebol, contra o assédio dos capitalistas que promovem os clubes-empresa, que as torcidas tenham peso real nas decisões pois representam os maiores interessados no sucesso dos seus times!