O estado de São Paulo vive uma crise sanitária jamais vista em sua história, a propagação desenfreada do Coronavírus (SarsCov 2) causador da Covid-19, vem colapsando a capacidade de internações nos hospitais públicos e particulares e fazendo vítimas fatais nas filas que aguardam vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
Nesta sexta (12), os hospitais particulares em todo o estado registraram 22.555 pacientes internados, o maior número de toda a pandemia e 47% a mais do que o recorde registrado em julho de 2020, quando mais de 15 mil estavam hospitalizados.
De cada dez hospitais particulares de São Paulo, oito estão perto do limite ou já não tem mais leitos para pacientes de Covid, é o resultado dos relatos de noventa e três hospitais particulares de São Paulo que responderam à pesquisa. As instituições apontam que mesmo ampliando o número de leitos, muitos hospitais estão no limite, com cerca de 82% dos leitos ocupados e que em quase todos, o aumento do número de internações por Covid ocorreu nos últimos dez dias.
Outro ponto a ser considerado é o perfil dos pacientes que precisam de internação, segundo o presidente do Sindicato dos Hospitais Particulares do estado de São Paulo, Francisco Balestrim, houve uma diminuição da faixa etária, pois na primeira onda, registrada em 2020, girava em torno de 50, 60, 65 anos, porém agora a média baixou para 40, 50 anos, e que estes, por sua vez ficam de 20 a 30 dias internados dentro de uma terapia intensiva e consequentemente o leito está dedicado a esse paciente.
Também se registrou um crescimento de internações de crianças e adolescentes por Covid indicando que esse grupo não está livre de desenvolver as formas graves de Covid-19, apesar de ser bastante raro, apesar de ser bastante infrequente, explicou o infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira, que complementou relatando sobre a existência de casos graves e mesmo relato de óbitos associados à Covid-19 em crianças que também estão associados a presença de comorbidades.
Além da dificuldade em encontrar vagas nas UTI do estado, ainda há um outro ponto agravante é que os leitos de UTI não são todos iguais, destaca o médico Márcio Bittencourt, pesquisador do Hospital Universitário da USP, explicando que há leitos que podem ter capacidade de realizar diálises e outros não. Dependendo do perfil do paciente, você não consegue usar e tem leitos que estão em salões abertos e não isolados em quartos, sozinhos, separados. E, eventualmente, você tem um paciente suspeito de Covid, um paciente confirmado de Covid, eles não podem ser colocados nesse salão aberto juntos até que você tenha a confirmação dos dois ou descarte dos dois.
O colapso na saúde no estado de São Paulo vem se desenhando há algum tempo, com a demonstração de ineficácia nas medidas aplicadas pelo governador João Dória e na capital pelo prefeito tucano Bruno Covas.
O descaso com a vida em prol de “salvar a economia”, discurso comum entre os capitalistas que não enfrentam o transporte público precário e lotado diariamente, e as constantes ameaças aos trabalhadores, que ficam vulneráveis ao desemprego e a perda da renda familiar, podem ser apontadas como fatores que proporcionaram um descontrole nos casos de Covid-19 no estado.
Diariamente, São Paulo registra uma média de 500 mortes e já acumula quase 100 mil vítimas fatais, o maior número do país. Mesmo sendo um Estado rico não há políticas que ampare a população vulnerável, nem ações de amortização dos impactos da pandemia e proteção ao emprego, medidas que efetivamente combateriam a contaminação e, consequentemente internações e mortes, em decorrência da Covid-19.
Também é válido destacar a inércia de setores da esquerda que deveria estar assumindo seu papel reacionário, denunciando e pressionando a política de “São João Doria da Vacina” ao invés de apoiá-la. A vida de milhares de pessoas está em jogo, não são medidas amenas, pensando no capital dos grandes empresários em detrimento da vida do trabalhador que vai resolver a crise sanitária em São Paulo.