Durante a reunião anual do Conselho de CEOs do Wall Street Journal, realizada no início de dezembro, o chefe da CIA, William Burns, declarou, sem meias palavras, que “os EUA não têm nenhuma evidência de que o Irã tenha tomado a decisão de armar seu programa nuclear”, acrescentando ainda que “não vê nenhuma evidência de que o líder supremo do Irã [Ali Khamenei] tenha tomado a decisão de se mover para o armamento” (Monitor do Oriente Médio, 09/12).
A primeira questão a considerar é que as palavras não foram ditas por algum funcionário do baixo ou médio escalão da administração Biden, mas por ninguém menos do que o diretor-chefe da principal agência de espionagem mundial, a CIA. Ao mesmo tempo, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, sempre em tom de ameaça, declarou que “os iranianos não estão levando a negociação a sério nesse momento”. Ele acrescentou que “logo veremos como eles são sérios” (idem, 09/12).
As declarações de Burns ocorre no momento em que crescem de forma exponencial a pressão de Israel no sentido de persuadir os EUA a deflagrar uma ação militar “preventiva” contra o regime iraniano. As TV’s israelenses dão conta que tanto o ministro da Defesa quanto o chefe do Mossad, devem se reunir com altos funcionários da Casa Branca para defender uma ação militar contra o Irã.
O fato é que a escalada de tensões no Oriente Médio provocada não somente pelo acirramento do conflito entre Israel e Irã, mas também por diversas outras contendas de caráter regional igualmente explosivos, tem feito com que a região entre em estado de alerta pleno.
O imperialismo e seu enclave político-militar na região — o Estado sionista de Israel — atuam juntos para atacar a soberania e a autodeterminação dos povos e países da região, ameaçando com intervenções, chantagens e ameaças militares.
No que diz respeito ao programa nuclear iraniano, o governo da República Islâmica já permitiu a inspeção internacional aos reatores, tendo os observadores da Agências Internacional de Energia Atômica (AIEA) constatado que o programa não se destina a fins militares e que o percentual de enriquecimento de urânio nas usinas não é suficiente para a produção de armas atômicas. Ainda assim, tanto os EUA quanto Israel pressionam pelo fim do programa nuclear do Irã. Os sionistas fazem ameaças constantes aos iranianos, prometendo destruir, através de uma ação militar, os reatores iranianos.
Mas e agora, depois que o diretor da CIA deu seu próprio testemunho afirmando que não há evidências de uma escalada militar iraniana com seu programa nuclear? Como ficam as ameaças do imperialismo e de Israel à nação iraniana? Portanto, o que se pode dizer neste momento é que a maior ameaça à estabilidade do Oriente Médio e do Golfo Pérsico não são os “temíveis” reatores nucleares iranianos, mas a postura belicista e agressiva dos Estados Unidos e de Israel, os verdadeiros fomentadores de guerras e conflitos entre os povos da região.