A equipe do Ministério da Economia está estimando que a inflação em doze meses chegará a 7,1% em maio. (Brasil 247, 28/3/21) É um número que assusta os economistas e gerentes capitalistas, que impuseram um modelo de gestão da economia baseado em metas de inflação e juros, como se estas fossem os melhores meios de administrar a economia capitalista. O esperado é o dobro do que estava definido como meta de inflação para este ano. E a alta generalizada dos preços (é o que significa inflação) é causada pelos preços administrados (água, luz, remédios etc.) e pelo modelo de preço da Petrobras.
Para os trabalhadores, especialmente para os mais pobres, esse número não quer dizer muita coisa, pois a inflação com a qual estão no dia a dia da quitanda, da comida e dos gastos correntes da família é muito maior que essa. No ano passado o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, verificou em estudo sobre os nove primeiros meses do ano, que a inflação para as famílias de menor renda era 10 vezes superior que a verificada para as famílias de maior renda. “A explicação para essa diferença no peso da inflação para famílias ricas e pobres está principalmente no aumento expressivo de preços de alimentos neste ano.” (BBC, 21/10/20)
O aumento dos preços, principalmente de alimentos, no ano passado foi explicado pelos economistas do governo como consequência do Auxílio Emergencial. Para eles, como os mais pobres agora tinham dinheiro, gastavam mais em alimentos e forçavam os preços para cima. Muita gente acreditou nessa lorota. Passou o Auxílio Emergencial, os pobres viraram miseráveis e a fome se alastra, mas a inflação continua alta. E não há mais como o governo culpar os trabalhadores pobres e desempregados. A culpa está se escancarando como resultado da política econômica entreguista que, no caso dos combustíveis por exemplo, dilapidou a Petrobras, privatizou subsidiárias e em vez de reinar o petróleo aqui no Brasil, preferiu comprar combustíveis refinados no exterior, pagando em dólar.
Com o Real se desvalorizando em relação ao Dólar, os produtos que são importados ficam mais caros e aqueles preços que são administrados alinhados ao dólar, também ficam mais caros. Estão incluídos aí todos os preços administrados pelo governo, até a energia elétrica, que vem na maioria das vezes de hidroelétricas brasileiras, tem o preço equiparado ao Dólar, para contentar e garantir o lucro dos capitalistas estrangeiros que compraram empresas que foram privatizadas e as termoelétricas que foram implantadas para suprir a demanda de energia que o modelo de baixo investimento estatal não estava suprindo.
A privatização e o modelo de contenção de gastos (investimentos) dos governos golpistas de Temer e Bolsonaro estão ampliando rapidamente a miséria e a fome, que se expressa para os trabalhadores mais pobres como a carestia, a inflação que está se sentindo no cotidiano. Não há esperança alguma para os mais pobres nesse modelo que gera desemprego, que produz fome, por isso é preciso sair às ruas, contra a carestia, contra os golpistas.