As manifestações deste sábado registraram, segundo números oficiais divulgados pela Frente Fora Bolsonaro, mais de 600 mil pessoas nas ruas de todo país. Totalizando 509 atos realizados, um recorde até o momento, os atos marcaram o quarto dia de mobilização contra o governo Bolsonaro. No entanto, a campanha contra a mobilização por parte da imprensa burguesa é cada vez mais dura e é favorecida pela política paralisante das direções da esquerda pequeno-burguesa.
O vazamento de informações e a necessidade da mobilização dos trabalhadores
Em matéria lançada nesta semana, o jornal golpista Folha de São Paulo, anunciou a diminuição dos atos nacionais e declarou haver um “cansaço no público”, que mais uma vez saiu às ruas pelo Fora Bolsonaro. Segundo a imprensa golpista, que ventila informações vazadas do interior do movimento, algumas das organizações de esquerda que participam da organização da frente já estariam buscando rever o planejamento das datas com novas “estratégias” nos próximos meses.
A primeira informação lançada pelo jornal foi de que a convocação de novas manifestações poderiam demorar até 45 dias, ou seja, um período 3 vezes maior de espera entre este e novos atos. Além disso, a Folha afirma que “uma das ideias é marcá-lo [o novo ato] para 7 de setembro” visando uma maior “amplitude” nas manifestações e contando com o apoio oficial dos principais partidos do regime golpista, sobretudo o PSDB.
O jornal ainda fala em “risco de perda de fôlego” e vaza de maneira indiscriminada diversas informações do interior do movimento, deixando claro que os principais representantes dos partidos defensores da frente ampla fazem um serviço interno para a imprensa burguesa. A tentativa com estas matérias por parte da imprensa burguesa é criar uma campanha geral de desmobilização, e não apenas isso, no texto o jornal golpista deixa claro que seria preciso retirar a ideia que as manifestações são “petistas” e ligadas à candidatura do ex-presidente Lula.
Com esta manobra, a burguesia quer tirar Lula, ou seja, o candidato dos trabalhadores, do motor das manifestações, para abrir espaço para a infiltração de toda a direita e assim a terceira via. É o aprofundamento da campanha já iniciada no ato do dia 3, quando o PSDB foi à manifestação em São Paulo e a política do verde e amarelo por parte da burguesia e dos defensores da frente ampla aumentou de proporção.
É preciso ir às fábricas!
Toda esta campanha não passa de uma farsa, uma tentativa de tomar de assalto o movimento. As manifestações que explodem em todo país desde o fim de maio são na realidade fruto de uma grande explosão social, contrárias inclusive à política oficial da esquerda pequeno-burguesa, que até então era forte defensora da política do “fique em casa”. Estes setores pouco mobilizaram seus aparatos em todas as manifestações, e a força da explosão social foi suficiente para levar a frente centenas de milhares de pessoas nas ruas de todo país.
Partidos como PCdoB, e ainda mais, partidos da direita como PDT, que querem se colocar como responsáveis diretos pelas manifestações, nunca mobilizaram ninguém para os atos e são os principais responsáveis pelo boicote ao movimento e pela aliança com a burguesia golpista. Para fazer os atos voltarem a crescer a política correta não é seguir o que dita a imprensa burguesa, mas sim, iniciar uma forte campanha pela mobilização dos trabalhadores.
É preciso ir às ruas, em primeiro lugar as fábricas, as comunidades e aos centros urbanos, realizando fortes campanhas de agitação política, conversando com a classe trabalhadora nas ruas e convocando para as manifestações. Esta política não foi feita em lugar algum desde o início das manifestações, com exceção de alguns setores da CUT e do PCO, e é extremamente necessária para o fortalecimento dos atos. Com as categorias mobilizadas, a manifestação ganha corpo e a direita fica inviabilizada de se infiltrar nos atos como tenta hoje fazer.
Apenas com esta campanha a população brasileira pode ser de fato mobilizada. Além disso, é preciso também levar a frente a organização de uma greve geral dos trabalhadores. Na matéria, a Folha de São Paulo ataca esta ideia em nome da “unidade”, contudo, não há unidade possível com nenhum golpista. O PSDB nem sequer defende o Fora Bolsonaro, e a terceira via nada mais é que a representação dos principais interesses do golpe de estado. A frente de luta deve ser feita junto aos trabalhadores, com um programa de luta que vise por abaixo todo regime golpista e defender Lula Presidente.
Pelo fim das operativas, por plenárias de trabalhadores em todo país!
A greve geral será um importante passo para este movimento, mobilizando todas as categorias. Contudo, o movimento precisa também quebrar com a existência das chamadas “operativas” que de maneira secreta decidem o futuro da mobilização popular. O vazamento de diversas informações por parte da Folha de São Paulo apenas demonstra a quem serve toda esta organização.
Para o movimento se desenvolver é necessário abri-lo as camadas populares e permitir que os trabalhadores intervenham na sua organização. Não há como o movimento se sustentar por reuniões secretas extremamente antidemocráticas, é preciso passar a realizar plenárias em todas as cidades, reuniões nos bairros populares e nas categorias, organizar uma verdadeira participação dos trabalhadores no movimento.
Com isto feito, qualquer política como a da frente ampla, que defensa os interesses do regime golpista passará, mas não apenas isso, o movimento sairá várias vezes mais fortalecido e a população em plena mobilização política. Não há como mais restringir o movimento a um pequeno número de burocratas, a população precisa ser ouvida e participar assim ativamente na organização da mobilização, pois a aliança com a burguesia levará a derrota do movimento, contudo, a aliança com os trabalhadores levará a derrubada do regime golpista.