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Polarização permanece

Organizadora do golpe contra Evo Morales, Jeanine Anes é presa

A ex-presidente golpista e os ministros de seu governo foram presos no último dia 13

Foi presa a ex-presidente golpista da Bolívia, Jeanine Añes, pelos crimes cometidos no desenvolvimentos do golpe de Estado de novembro de 2019, que derrubou o presidente Evo Morales (MAS). A prisão ocorreu no último sábado (13 de março). Além de Añes, foram presos os ministros do governo provisório que subiu ao poder com o golpe.

A denúncia que levou à prisão dos golpistas partiu de deputados e ex-deputados do MAS, partido que foi derrubado em 2019. Jeanine e os ministros estão presos devido a dura repressão contra os movimentos de luta contra o golpe, que resultaram no assassinato de mais de 30 pessoas em protestos. Por esse motivo, eles são acusados de terrorismo, conspiração e sedição.

Cinicamente a golpista publicou em sua conta no Twitter que está sofrendo “perseguição política”. Em suas próprias palavras:

Denuncio ante Bolivia y el mundo, que en un acto de abuso y persecución política el gobierno del MAS me ha mandado arrestar. Me acusa de haber participado en un golpe de estado que nunca ocurrió. Mis oraciones por Bolivia y por todos los bolvianos.

Denuncio à Bolívia e ao mundo, que num ato de abuso e perseguição política o governo do MAS ordenou que me prendessem. Me acusa de ter participado de um golpe de Estado que nunca ocorreu. Minhas orações pela Bolívia e por todos os bolivianos.

Nesse ponto, alguns comentários sobre o golpe e sobre o momento atual se fazem necessários. A publicação de Añes é recheada do cinismo típico dos golpistas do mundo todo. Já conhecemos essa postura cínica por meio dos golpistas domésticos, os Temers e Bolsonaros.

Não apenas ocorreu um golpe de Estado na Bolívia, como foi um golpe militar e sanguinário, que reprimiu os trabalhadores não apenas por meio das forças de repressão estatais, mas também fez uso de verdadeiras milícias fascistas, que eram agrupamentos paramilitares que promoveram linchamentos, torturas, assassinatos.

Evo Morales deixou o governo após falsas denúncias da direita de uma fraude no processo eleitoral, no qual ele havia sido reeleito em primeiro turno para um terceiro mandato. Não há dúvidas de que as denuncias eram falsas, pois Evo é simplesmente a maior liderança popular existente naquele país. Tomando como justificativa tal denúncia fraudulenta, o Alto Escalão das Forças Armadas exigiu a renúncia do presidente.  

Diante da pressão dos militares, o governo capitulou. Morales não convocou o povo à luta contra o golpe e renunciou, o que deu lugar ao governo de Añes. Ameaçado de prisão, o presidente legítimo foi para o exílio.

É preciso dizer que as acusações contra os golpistas são leves, se comparadas à gravidade de tudo que eles fizeram. Mais de 30 são apenas aqueles que foram assassinados em protestos, conforme números oficiais. Se os fascistas bolivianos lincharam e humilharam em praça pública uma prefeita do MAS, certamente fizeram muito pior com outras pessoas que não são figuras públicas.

A situação política só foi parcialmente revertida porque, apesar da capitulação do governo legítimo, o povo não se acovardou e se mobilizou. Graças à ampla mobilização popular, que se chocou frontalmente contra a ditadura, o golpe sofreu uma derrota importante, porém parcial: elegeu-se Luis Arce que, apesar de ser do mesmo partido de Evo, é um elemento da ala direita do partido. Ou seja, diante da crise política, a burguesia permitiu que subisse um governo de esquerda, mesmo que ainda mais moderado que o anterior.

Entretanto, é necessário explicitar que não cessou a polarização e muito menos as articulações golpistas de direita e do imperialismo. Embora a ação do governo Arce seja acertada, visto que os crimes daqueles que foram presos são gravíssimos, trata-se ainda de uma iniciativa muito aquém daquilo que é preciso fazer. A capitulação pode levar a um retrocesso na luta contra os golpistas. É limitada, em primeiro lugar, porque, assim como no Brasil, o golpe foi com as forças armadas, “com o supremo, com tudo”, como diz a célebre frase de Jucá. A lista de golpistas é muito maior do que a quantidade de pessoas que foram presas. Em segundo lugar, e mais importante ainda, a ação dos trabalhadores nas ruas bolivianas mostrou que a vitória definitiva da esquerda, dos trabalhadores, não virá apenas com iniciativas judiciais, institucionais, mas com a mobilização dos trabalhadores, que devem ser convocadas por suas lideranças e organizações .

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