Neste domingo (14), foi anunciado pela imprensa burguesa a demissão do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. O general, que foi colocado de maneira interina no cargo e acabou acompanhando o genocídio histórico da população brasileira em meio a pandemia durante a maior parte do tempo, foi retirado após a crescente propaganda desmoralizadora contra um dos principais setores do golpe de Estado: o Exército brasileiro.
A retirada do atual ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, escancarou mais uma vez a crise política no interior do regime golpista. As notícias iniciais davam conta de que Pazuello estaria pedindo demissão do cargo devido a problemas de saúde. Poucas horas depois, o que parecia ser uma simples manobra do governo para retirar o general, tornou-se uma mais nova crise no ministério da Saúde. Seu nome foi substituído temporariamente, e, em seu lugar, a médica Ludhmila Hajjar, defendida por deputados do “centrão”, e de partidos aliados ao governo, tornou-se o principal nome para o cargo. A então possível nova ministra era colocada pela imprensa como “novos ares” para o ministério, uma vez que defendia demagogicamente o isolamento social. Contudo, sob o pretexto de “divergências técnicas”, a burguesia recuou em seu nome, e um impasse tomou conta de quem viria a ser o substituto de Pazuello.
Independentemente da decisão a ser tomada, se haverá ou não a substituição do general nos próximos dias, o caso deixa bem evidente o desenvolvimento da crise no golpe em meio à pandemia. Os generais se preocupam consideravelmente com a desmoralização do Exército em meio a crise.
Ao mesmo tempo em que representam uma importante força de sustentação ao golpe de Estado, os militares buscam se consolidar como peças chaves para o fechamento do regime, sobretudo no enfrentamento contra Lula e sua candidatura, que impulsiona a polarização no país e a crise do regime golpista.
No mesmo sentido em que o STF busca manobrar para se preservar, os generais adotam política semelhante no que diz respeito a seus quadros que compõem o governo de Jair Bolsonaro. Com a crise apenas se aprofundando, e o Brasil tornando-se já o país com maior número de mortes diárias em todo planeta, ter um general assumindo justamente o posto de ministro da Saúde apenas dificultará a maior intervenção dos militares no regime.
Vale lembrar que, contra o mesmo general, tramita no STF uma CPI que visaria apurar uma série de irregularidades cometidas pelo ministro durante toda pandemia. Somando-se as fraudes de números, omissões quanto ao aumento das mortes, e uma verdadeira política de genocídio, retirar o ministro também é uma forma para a Justiça golpista esquecer de uma vez por todas qualquer denuncia contra o general.
Segundo a imprensa burguesa, Bolsonaro haveria sido aconselhado a trocar Pazuello diante da volta de Lula ao cenário eleitoral de 2022. Além disso, o conselho partiria dos próprios ministros do STF e do principal setor da burguesia brasileira no congresso, que buscaria usar o nome da médica para promover uma política demagógica supostamente “na contramão do negacionismo do governo”.
Dessa maneira, a queda apenas ocorre devido a pressão de diversos setores da burguesia que temem uma maior desmoralização do regime frente a toda crise que se aprofunda no país. Com Lula presente, a polarização apenas aumenta, e a necessidade de manobrar em meio a pandemia, não permitindo que o Brasil torne-se rapidamente um novo Paraguai quando trata-se das mobilizações de rua, os golpistas se utilizam de novos golpes para esmagar a população trabalhadora e manter a política de genocídio com ou sem generais.