O Comitê Externo de Livre Expressão sobre Diversidade e Inclusão criado pelo Carrefour após protestos populares que tendiam a se radicalizar contra a morte de João Alberto Silveira Freitas, em Porto Alegre, jovem negro que foi espancado pelos seguranças do supermercado no dia 19 de novembro do ano passado, não passa de uma medida que visa controlar a revolta da população, e jogar areia nos olhos do povo negro brasileiro. Fazem parte do Comitê, Rachel Maia, Adriana Barbosa, Celso Athayde, Silvio Almeida, Anna Karla da Silva Pereira, Mariana Ferreira dos Santos, Maurício Pestana, Renato Meirelles e Ricardo Sales.
De acordo com a nota divulgada pelo Comitê, a finalidade, entre outras, dessa organização seria, “Adotar uma política de tolerância zero ao racismo e à discriminação por razões de raça e etnia, origem, condição social, identidade de gênero, orientação sexual, idade, deficiência e religião no Carrefour e em toda sua cadeia de valor, conforme estabelecida na Constituição Federal e em diferentes leis brasileiras e em acordos internacionais reconhecidos e firmados pelo país”. Veja que nenhuma palavra em relação às condições econômicas da população negra no país é citada. Não há menção em relação aos crimes cometidos pelo braço armado do Estado, nas favelas, periferias e inclusive nos presídios brasileiros diariamente.
Defensores de que no Brasil o racismo é um estrutural ou “cultural”, o Comitê se apresenta mais como uma demagogia com a população negra para limpar a barra do Carrefour. As medidas tomadas no combate ao racismo de acordo com o grupo a frente do Comitê, seria de que os trabalhadores do mercado devem passar uma reeducação, em relação a situação de discriminação que passa o povo negro no país. Propondo também que a empresa passe e ter seguranças próprios, e não mais terceirizados, e que estes sejam por eles orientados para não cometerem crimes de racismo. Outra medida proposta é de uma certa cota que o supermercado deve ter para empregados negros. Ou seja, de luta concreta dos negros contra o capitalismo que é seu maior inimigo mundialmente não foi apresentado nada, a partir dai já se prevê a inutilidade desse tipo de Comitê.
Primeiro, é preciso deixar claro que a inferioridade da situação econômica e social dos negros no Brasil e no mundo é medida estratégica, orquestrada e organizada pelo capitalismo. Sem essa condição de inferioridade dos negros, mulheres e os trabalhadores explorados o capitalismo não se sustenta. Ou seja, a forma parasitária não só da burguesia mas como de todo regime capitalista que a cerca, a exploração, a marginalização e a opressão é modos operandi do sistema atual. Para se manter operando, a condição subalterna dos negros e oprimidos é essencial. O capitalismo é racista, e precisa ser para sua própria sobrevivência.
Desde o início da formação deste Comitê, este Diário vem denunciando que esse tipo de politica que vem sendo adotada pelas grandes empresas e monopólios capitalistas, é no sentido de conter, barrar, frear a revolta popular que amplia e se radicaliza em todo planeta em relação à opressão dos negros. Visto no Estados Unidos onde a população se rebelou contra morte de George Floyd e por pouco não incendiaram o país inteiro. No Brasil é a mesma coisa, prevendo uma explosão social, a burguesia trata logo de aparecer com esses falsos “heróis”, geralmente de algum movimento negro pequeno-burguês, simplesmente para salvar seus patrimônios e garantir seus lucros com o suor da classe trabalhadora e oprimida. O Carrefour por exemplo, se utiliza desse tipo de medida que é totalmente inútil, para fazer demagogia e até mesmo se livrar de punições e indenizações.
Como todo tipo de operação identitária promovida pela burguesia, o comitê antirracista do Carrefour é uma completa fraude. A participação dos negros no comitê antirracista do Carrefour é o mesmo que admitir que a solução para o racismo no Brasil passaria por um acordo com os racistas. O que é absurdo. Até os dias de hoje o Comitê se mostrou um verdadeiro fiasco e por outro lado o fascismo segue avançando. Os verdadeiros militantes do movimento negro não devem esperar nada dessas politicas de conciliação com a burguesia e denunciar aqueles que os tentam ludibriar. É preciso organizar a autodefesa dos negros, com direito ao armamento, dissolver a Polícia Militar, e derrubar o governo Bolsonaro e o regime político golpista.