O período eleitoral brasileiro revelou uma postura ainda mais cínica da burguesia frente a pandemia do novo coronavírus. Após uma intensa campanha pelo fique em casa, enquanto os trabalhadores continuavam nas ruas, a pandemia simplesmente “acabou”, quando as eleições e a campanha pela reabertura iniciou.
Nos meses de novembro e dezembro, o período de campanha eleitoral, tornou-se uma maneira da burguesia manobrar frente aos números da pandemia. Estados como São Paulo, deixaram de em mais de uma situação divulgar os números diários de casos e mortes. Enquanto a burguesia fraudava descaradamente os resultados, o processo eleitoral caminhava “tranquilo” com uma intensa campanha nas ruas dos candidatos burgueses.
Apenas no dia da votação, que revelou-se, enquanto todo o foco da população concentrava-se nos resultados eleitorais, de que a pandemia estava naquele momento, em um grau muito mais elevado do que o imaginado.
Agora, com a virada de ano, novos dados sobre todo este último período foram revelados. E “de repente” os dados apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de Saúde brasileiras, declararam que o país sofreu de um aumento de 64,45% de mortes entre os meses de novembro para dezembro. Enquanto novembro, antes das eleições, houveram 13.263 mortos, o mês de dezembro totalizou 21.811.
Mesmo antes de chegar ao seu fim, o mês de dezembro tornou-se aquele com maior número de mortes desde setembro. E o primeiro caso, desde julho, no qual a quantidade de mortes em um mês é maior do que o mês anterior. Foi também no mês de dezembro, após as eleições, que a burguesia revelou que muitos locais do país ultrapassavam as marcas daquilo que havia sido o “pico” da pandemia.
Estados, como o Mato Grosso do Sul, tiveram o maior número de mortes desde o inicio da pandemia. Enquanto outros três estados (Pará, Sergipe e Alagoas) tiveram uma tendência de alta nas mortes.
Especialistas, revelam que as mortes computadas no mês de dezembro ainda são a “ponta do iceberg” de toda uma nova onda da pandemia no país. O crescimento do casos ainda pode piorar consideravelmente com a chegada da nova mutação do Covid-19 no Brasil, da qual tem uma taxa de transmissão 70% maior do que aquela que o país enfrentou no último período.
Após este alto contagio, a previsão é que o número de mortes aumente exponencialmente, sobretudo após a intensa política de reabertura, que ainda prevê para os meses de fevereiro e março, aulas presenciais e a não existência da vacina para o povo brasileiro.
Todos estes fatores, revelam em primeiro lugar que os dados sobre a pandemia brasileira são completamente fraudados. A subnotificação é tão grande, que especialistas indicam que enquanto o país atingia a marca oficial de 190 mil mortos, na realidade, 220 mil pessoas já haviam morrido pela doença.
Os golpistas tentam a todo custo fraudar a divulgação de dados e controla-la o máximo possível, podendo assim justificar sua intensa campanha pela reabertura em todo território nacional. Com o “fim” da pandemia, reabrir a economia torna-se muito mais fácil. Contudo, como ela está muito longe de terminar, a burguesia busca forçar o povo a se contaminar, para assim manter seus lucros em meio a uma intensa crise.
O “mistério” em torno do aumento das mortes é assim completamente revelado. O que há é uma intensa campanha genocida da burguesia contra o povo brasileiro. A própria questão da vacina, que seria uma grande conquista para a população, tornou-se puramente foco da especulação financeira, e da luta econômica entre setores da burguesia, na qual, nenhum deles está interessado em salvar a população, mas sim, enriquecer em cima da crise.
Graças a isso, a postura covarde de todo um setor da esquerda pequeno-burguesa em torno da aliança com a burguesia golpista, a chamada política de frente ampla, tornou-se uma importante maneira de continua legitimando esta política assassina dos golpistas. A pandemia deve ser colocada como responsabilidade do regime golpista, e não dos trabalhadores. A burguesia ao não se antever e conseguir controlar a pandemia, demonstra estar afundada em uma profunda crise, na qual envolve todo o sistema capitalista.
Por isso, é necessário que a esquerda, as organizações de trabalhadores, adotem uma política própria de intervenção, capaz assim de mobilizar a população. Derrotar o golpe, é o primeiro passo para adotar uma politica séria de combate a pandemia.