O ano mal começou, nos encontramos na primeira semana de janeiro e as perspectivas futuras para o povo brasileiro frente a pandemia do novo coronavírus não são das melhores. Em Manaus, capital do estado do Amazonas, os enterros alcançaram uma triste nova marca por conta de um aumento de 80% nos últimos 15 dias. David Almeida (Avante), prefeito de Manaus, decretou na última terça-feira, estado de emergência por 180 dias em função do avanço da Covid-19 na cidade.
O estado do Amazonas carrega a trágica marca de 5.500 mortos pelo novo coronavírus e atualmente apresenta uma taxa de internações superior a situação vivenciada pelo estado nos meses de abril e maio de 2020, onde se viu o colapso da rede pública de saúde que trabalhou com quase 100% dos leitos ocupados. Ainda nesses meses, a população vivenciou o terror de enterros coletivos, filas de carros funerários e caixões empilhados em valas comuns.
A situação catastrófica evidenciada em Manaus é resultado de uma série de fatores que, diferente do que é amplamente difundido na mídia golpista e porta-voz da burguesia nacional, não é culpa do povo manauara. O genocídio é legado de um poder público omisso, demagogo, incapaz das premissas básicas atribuídas ao Estado e que em última análise ojeriza o povo brasileiro. Em outras palavras, o povo trabalhador que se abarrota em transportes públicos precários são as maiores vítimas de todos os efeitos nocivos do capitalismo e do aprofundamento desses efeitos na pandemia do coronavírus.
Não existe um número de mortos que saciem a direita golpista brasileira e a irrefreável gana da burguesia pela manutenção de seus lucros. De Norte a Sul do País, observa-se que o contágio do novo coronavírus não cessa e nem dá sinais de alívio para população operária que é obrigada a sair às ruas em busca de seu sustento, concomitantemente, também é perceptível que não existe um mero esboço de planejamento para sanar nem mesmo as mínimas demandas emergenciais do povo trabalhador no meio da pandemia da Covid-19. Em suma, todos os duzentos mil mortos não significam nada para os direitistas brasileiros.
Uma boa parte da esquerda brasileira tem sua parcela de culpa nesse cenário pavoroso que se posiciona frente o povo brasileiro, à medida que adota uma política fundamentalmente pautada na crença de que as instituições, ou ainda, que o poder público dominado pela direita tem qualquer apreço pela vida alheia, principalmente, dos mais pobres.
Por fim, de mãos dadas, observando o caos que assola o povo operário brasileiro, estão todos os direitistas, golpistas e toda a classe patronal brasileira […] para eles, todas as mortes e dores enfrentadas pela população são tratadas como um reles efeito colateral da manutenção das atividades econômicas das quais são detentores. Derruba-los é mais do que um caminho, é uma urgência.