As mobilizações que aconteceram neste último sábado, 29 de maio, foram bastante grandes. Com mais de 200 atividades realizadas, em todo o Brasil e também no exterior, o número de manifestantes reunidos foi algo surpreendente para o atual momento.
O maior ato ocorreu na Av. Paulista, na capital paulista. Seu tamanho foi, inclusive, díficil de ser contabilizado. Imagens áreas mostraram que o ato ocupou toda a frente do MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) e outras dezenas das largas quadras de uma das principais avenidas da cidade.
Em outras importantes cidades, como Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, as manifestações também tiveram grande presença.
Grande tendência de mobilização
Em primeiro lugar, provou-se correta a caracterização feita pelo Partido da Causa Operária (PCO) sobre a atual etapa política no Brasil. A mobilização diante da catástrofe que está ocorrendo nacionalmente estava contida, reprimida. A tendência de mobilização da qual se tratava se mostrou gigantesca neste sábado.
A prova de que a mobilização estava retida foi que bastou que as organizações dos trabalhadores, populares, estudantis e de esquerda se unificassem em torno da convocação de uma manifestação presencial, nas ruas, que essa atividade obteve êxito.
Essa mobilização, no entanto, não surgiu do nada, não foi um raio em céu azul. O PCO, juntamente com os comitês de luta, já estavam realizando uma propaganda intensiva de agitação nas ruas demonstrando que a mobilização popular era possível e necessária diante do quadro nacional.
O objetivo dessa agitação, logicamente, foi o de ampliar o clima que já se formava.
Além das explicações, o partido mostrou, através da prática, que era possível. Em um pequeno espaço de tempo realizou duas atividades bem sucedidas.
A primeira delas ocorreu no dia 31 de março, na realização de um ato contra a comemoração da ditadura militar no Brasil. Bolsonaro e os militares tomaram a decisão de comemorarem o assassino regime militar brasileiro de forma oficial.
A reação partiu do PCO e dos comitês de luta que não permitiram que a direita ocupassem às ruas sem uma resposta.
Cerca de um mês depois, pelo segundo ano consecutiva, as organizações dos trabalhadores decidiram não realizar atos de rua submetidas a política do “fique em casa”. A forma vergonhosa que passaram o 1º de maio, dia internacional de luta dos trabalhadores, foi em uma live com um dos principais inimigos do povo brasileiro, Fernando Henrique Cardoso.
Rejeitando essa política e novamente honrando o seu programa proletário o PCO saiu às ruas para protestar, exigir as reivindicações fundamentais para o momento: vacinação já, auxílio emergencial de verdade – que nas atuais condições de no mínimo um salário minimo – contra o desemprego e pelo Fora Bolsonaro.
Em todos os momentos o PCO e os comitês de luta atuaram de forma explicativa para o povo trabalhador, aos ativistas da esquerda, militantes dos partidos de esquerda, etc, de que a única forma de exigir de verdade é a mobilização popular nas ruas.
Em outras palavras, que só nas ruas é possível impedir a continuidade do genocídio no Brasil.
A marcha da vida
A campanha realizada procurava dar voz a essa tendência extraordinariamente grande.
De tanto bater na mesma tecla, a situação começou a virar. As dezenas de organizações que compõem a Frente Brasil Popular decidiram, em plenária com mais de 400 participantes, convocar a primeira grande atividade nas ruas.
Esse primeiro ato é se transformou, então, em uma vitória popular importante.
O momento, neste sentido, é o de lutar pela continuidade da mobilização. O movimento que demonstrou sua primeira mobilização não pode deixar as ruas.
É preciso, portanto, discutir o balanço da atividade realizada e reafirmar entre as forças populares, sindicatos, associações, partidos de esquerda que a política do “fique em casa” faleceu. O Brasil mostrou que quer sair às ruas contra Bolsonaro, contra a catástrofe nacional.
Este balanço, no entanto, não pode incorrer no erro de que a presença nas atividades foram apenas de ativistas e militantes da esquerda. Não se tratou disso, obviamente esse será o primeiro pelotão que estará na linha de frente, mas as manifestações agruparam número superior.
Com base em novas convocações e na formulação de um plano nacional de lutas que exija a quebra das patentes das vacinas, vacinação para todo o povo já, auxílio emergencial de verdade, esse movimento poderá fazer o país atravessar grandes dias de mobilização.
Já existe, contudo, uma atividade nacional marcada e convocada pelo PCO e comitês de luta: ato nacional em São Paulo no dia 3 de julho. A atividade poderá servir como mais um ponto de mobilização.
Se a esquerda tiver a firmeza, se mantiver unificada neste perspectiva poderá obter uma mobilização popular extraordinária.
Por outro lado, a mobilização que ocorreu mostrou que é possível varrer das ruas as forças de direita. Mais ainda, abre a possibilidade de colocar abaixo o governo golpista de Jair Bolsonaro e também todos os golpistas. Abrir, neste sentido, uma nova etapa da luta política no Brasil.
A luta pela continuidade das mobilizações, por consequência, é imprescindível.
Já existe um clima de mobilização e cabe às pessoas conscientes disso darem o impulsionamento a essa continuidade. Essa é a questão chave.
O povo na rua é capaz de derrubar governo, de mudar o regime político e mudar a situação.
Essa mobilização pode, ainda mais, fazer uma grande diferença em relação ao número de mortos em decorrência da pandemia no Brasil. Os números não param de crescer e somente com a intervenção da classe trabalhadora é que será possível barrar o genocídio.