Os atos do último dia 29 chamados pela esquerda mostraram a força do povo levando às ruas milhares de pessoas em todo o país para exigir além do Fora Bolsonaro e Lula candidato, vacinação para todos e auxílio emergencial. As reivindicações levantadas no ato, composto em sua grande maioria por setores populares desorganizados, deixam claro que a insatisfação e a revolta popular é não só contra o governo Bolsonaro, mas contra o regime golpista de conjunto.
Isso leva a burguesia inimiga do povo, assim como Bolsonaro, mas sem nenhuma base popular, a temer os atos de rua populares contra a catástrofe da pandemia que também é sua responsabilidade. Isto é o que justifica a corrida dos jornais golpistas em promover na sua imprensa uma verdadeira desvirtuação dos vitoriosos atos do dia 29.
Os golpistas tentam dar aos atos uma caracterização completamente diferente do que realmente são: produto da mobilização e da luta popular que nunca saiu das ruas com os comitês de luta e o ato do 1º de maio que tiraram os setores mais atrasados da esquerda da paralisação e impulsionam a continuidade dos atos.
A imprensa burguesa tenta falsificar a realidade limitando os atos a questões procedimentais de uso de máscara e distanciamento social; além de tentar esconder o apelo popular em torno da candidatura do Lula e vincular os atos a soluções institucionais superficiais para a luta política dos trabalhadores como os procedimentos parlamentares do impeachment e da CPI da Covid, ambos controlados pela própria burguesia golpista que não quer derrubar Bolsonaro, apenas chantageá-lo enquanto procura uma “terceira opção” eleitoral.
Existe ainda um esforço de incentivar uma espécie de “racha” nas organizações de esquerda para impedir a realização de novos atos de rua com a desculpa do avanço da pandemia e a iminente marca de meio milhão de mortes pelo vírus, o que segundo a tese impõe uma maior “cautela” em relação às manifestações que causariam aglomeração e por isso haveria uma grande questão para a esquerda que é continuar ou não nas ruas.
Puro cinismo, é evidente que a burguesia que obriga os trabalhadores a ficarem expostos ao vírus em toda a pandemia sem nenhuma proteção e causando as quase 500 mil mortes, não tem nenhuma preocupação com a contaminação ou com as mortes pelas quais é tão responsável quanto Bolsonaro. A demagogia com o isolamento social serve apenas para mascarar que a burguesia tem medo do povo na rua exigindo vacina e auxílio que a burguesia não quer dar.
A “grande questão” de continuar nas ruas pode ser facilmente resolvida. A vitória dos atos do dia 29 mostrou mais uma vez que o povo está disposto a ocupar as ruas contra a direita, a pandemia e por Lula presidente. Os esforços da imprensa burguesa para desfigurar estas reivindicações e desmanchar a mobilização mostra como os atos surtiram efeito, logo devem continuar e se intensificar.
O avanço da pandemia, por sua vez, longe de ser um motivo para conter a mobilização, é o principal motivo pelo qual os atos de rua devem ser mantidos. Enquanto a esquerda ficou em casa com medo da pandemia e contendo a mobilização de rua, por mais de um ano, a direita encontrou o caminho livre para avançar nos ataques ao povo fazendo com que a situação chegasse ao ponto em que chegou com centenas de milhares de mortes e milhões de pessoas desempregadas e passando fome.
Quanto mais a burguesia avança no genocídio dos trabalhadores por meio do vírus, mais urgente é a ação da esquerda junto aos trabalhadores, que deve ter o objetivo claro de impulsionar a mobilização do povo, única forma de intimidar a direita golpista, sem distracionismos como “ato simbólico”, “carreata” ou “ato virtual”. A única mobilização possível é na rua, por isso novos atos de rua devem ser marcados imediatamente e os atos de 19 de junho deve ser ainda mais fortalecidos.
