O Talibã já tem controle de toda fronteira do Afeganistão. Neste domingo, 15 de agosto, o grupo nacionalista cercou a capital, Cabul, e tomou o palácio presidencial, afugentando os fantoches imperialistas do governo e representantes de outros países e contrariando todas as previsões de diversos “analistas” ao redor do mundo, sobretudo dos Estados Unidos que, por sua vez, estimava um período de 6 meses para a tomada da capital.
O Talibã afirmou que as fronteiras estão abertas para qualquer civil que queira sair da cidade ou do país — ação que foi efetivamente realizada pelo presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, que teria partido para um país ainda não confirmado enquanto Cabul era cercada. Os meios de comunicação estatais já foram tomados e o grupo já formou uma junta provisória para organizar o governo.
O avanço do Talibã dentro do país é algo espantoso: são 26 das 34 províncias tomadas em menos de duas semanas, até o fechamento desta matéria. É importante observar que tal feito só é possível por conta do apoio popular ao grupo nacionalista no país que, apesar da ideologia reacionária, desenvolveu este nacionalismo a tal ponto que este atinge um caráter radical e violento, fazendo inclusive uma ferrenha oposição ao imperialismo.
Os Estados Unidos, por sua vez, investiram bilhões de dólares em treinamento militar nos quase 20 anos de guerra imperialista no Afeganistão, tendo começado a retirada de tropas em 2020, após alguns acordos feitos pelo governo Trump. Foram 20 anos de destruição e de retiradas de direitos do povo afegão, que procurou depositar suas forças num dos únicos grupos que ainda parecia estar ao seu lado.
Após 20 anos os EUA abriram uma pequena brecha, pela qual o Talibã passou e, com o apoio popular, saiu conquistando uma região após a outra, chegando finalmente na capital e tranquilizando os cidadãos, afirmando que nenhum desespero era necessário e que a retomada seria feita da forma mais pacífica possível. O grupo cercou a capital, adentrou a cidade, tomou o palácio presidencial e a televisão estatal com quase nenhum obstáculo. Não houve resistência, mas sim comemoração e apoio.
Ainda existem dúvidas sobre o motivo da saída definitiva do imperialismo do Afeganistão. Ao assumir a presidência, Biden relutou em seguir os acordos de Trump à risca, tendo modificado algo aqui ou acolá, sendo no momento alvo de críticas por parte da direita norte-americana. Essa pequena brecha funcionou como uma faísca em uma trilha de gasolina e, como visto, nem mesmo o imperialismo esperava uma retomada tão rápida — tudo isso ocorre numa situação de crise, quando, além da pandemia, os EUA tem estado numa ofensiva a todo vapor em cima dos países oprimidos, levando a população ao estresse extremo.
Numa contradição de discurso, os EUA e outros países imperialistas protagonizaram cenas ridículas nos últimos dias. Diversos soldados tentando subir desesperadamente em um helicóptero foi uma dessas. Tudo isso ocorre apesar do Talibã ter declarado que tudo ocorria de forma pacífica e que os colaboradores do antigo governo seriam perdoados.
O aeroporto de Cabul estava livre para quem quisesse sair do país. Os EUA e outros países imperialistas então “tomaram” o local e fizeram sua própria segurança, o que resultou, após uma onda de civis aparecerem no local, em cinco mortos por parte dos soldados norte-americanos, que atiraram na população. Outra cena marcante foi a decolagem do avião das forças de segurança dos EUA, que decolou com civis agarrados em partes do avião — mortes relacionadas não foram confirmadas até o fechamento desta matéria, mas um dos vídeos mostra alguém caindo após a decolagem do avião.
A ofensiva agora está em cima do Talibã. A propaganda imperialista se acirrou contra o grupo nacionalista, propondo todos os tipos de intervenções ou reunião possíveis para reverter a situação ocorrida no fim de semana. Isso só demonstra, mais uma vez, o impacto das ações do grupo sobre o imperialismo, tendo o Talibã oficialmente posto um fim na guerra mais longa travada pelos Estados Unidos.